Empresas vão manter fretados em áreas proibidas na segunda

Alegação é de que não há tempo hábil para que contratos de prestação de serviços sejam refeitos

Mapa da restrição dos ônibus fretados em SP

O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros por Fretamento e para Turismo de São Paulo e Região (Transfretur) declarou nesta quarta-feira (22) que terá de manter os fretados nas ruas da capital paulista na segunda-feira (27) mesmo correndo o risco de tomar multas.

Em entrevista coletiva, os representantes da Transfretur manifestaram irritação com a confirmação de que haverá restrição à circulação de fretados em uma área de 70 quilômetros quadrados da capital paulista (veja mapa).

Para Jorge Miguel, diretor do sindicato, as alterações ao projeto inicial apresentadas esta semana pelo secretário de Transportes, Alexandre de Moraes, são micro-cirúrgicas, ou seja, as sugestões apresentadas por usuários e empresas não foram levadas em conta. Ele lamenta a falta de diálogo por parte da prefeitura e destaca que é obrigado a dialogar por meio da imprensa.

A advogada da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros por Fretamento do Estado de São Paulo, Regina Rocha, aponta que a aposta é pedir autorização pelo site da prefeitura para poder circular. “Esperamos que prevaleça o bom senso. Como vai começar a colocar em prática se não iniciou as restrições ainda, se não vai conseguir uma autorização especial para rodar na cidade? É impraticável começar a autuar na segunda-feira se ele (o secretário) mesmo não ofereceu a ferramenta para que a gente tenha autorização para circular nessa região”, afirma.

De fato, até o momento a prefeitura não colocou em sua página na internet o mecanismo que permitirá que a empresa peça, para cada ônibus que rode de ponto a ponto, uma autorização especial. Depois disso, há um prazo de cinco dias para reunir toda a documentação e definir o trajeto, que de qualquer maneira não poderá passar por 23 de Maio, Paulista, Berrini e Faria Lima, entre outras.

O presidente da Transfretur, Sílvio Tamelini, pondera que “as empresas que têm contratos vão manter o serviço. Nós não praticamos o pinga-pinga, isso está fora da nossa proposta de debate”.

O sindicato destacou que alguns contratos já estão sendo reduzidos, com corte de linhas e pedidos de revisão de valores. Os fretadores apontam que algumas das regras impostas pela administração de Gilberto Kassab são impossíveis de serem cumpridas. Uma delas é a questão de a empresa disponibilizar espaço para embarque e desembarque dos funcionários. Segundo os dados da Transfretur, apenas uma das 156 empresas afetadas inicialmente pela medida teria como cumprir essa determinação.

O engenheiro Horácio Figueira, especializado na questão de trânsito, reclama que a prefeitura insiste que “os culpados são os outros, e não os automóveis”, e acrescenta que a administração municipal “está se lixando para o usuário de ônibus na cidade. Se desse valor, a história seria outra”.

Quando conseguirem diálogo com a prefeitura, os representantes do sindicato esperam propor que a restrição seja realizada apenas em alguns horários, nos mesmos moldes do rodízio de veículos, e somente em áreas específicas: Avenida Paulista, Luís Carlos Berrini e Brigadeiro Faria Lima. “Onde na Zona Norte há problema? Há várias regiões dentro da área de restrição que não têm problema nenhum”, afirma Jorge Miguel.

Pesquisa

Durante a entrevista, Horácio Figueira apresentou uma pesquisa realizada em junho exatamente nessas três avenidas durante o horário de pico. Os dados mostram que, na média, nove mil pessoas são transportadas por hora pelos fretados nessas avenidas, contra sete mil do transporte particular.

Por outro lado, os automóveis ocupam 70% do espaço dessas vias no mesmo horário, sendo responsáveis por apenas 37% do total de pessoas deslocadas. Para Horácio Figueira, a produtividade do fretado é mais de 12 vezes maior que a do carro e, caso quatro usuários de cada ônibus passem a usar o deslocamento particular, a medida da prefeitura já terá sido invalidada.

O engenheiro considera utópica a esperança do secretário Alexandre de Moraes de que a restrição reduza o congestionamento. “Mais uma vez, a prefeitura está em uma política equivocada de desestímulo ao transporte coletivo”, ressalta.

Ele defende que, em avenidas grandes, sejam adotadas uma faixa para ônibus urbanos, duas para fretados, táxis com passageiros ou carros com duas ou mais pessoas, e as outras para os demais veículos, de forma a desencorajar que os motoristas andem sozinhos nos automóveis.

Os representantes de usuários apontaram à Rede Brasil Atual que muito pouco do que eles apresentaram foi aceito pela administração de Gilberto Kassab. A principal mudança diz respeito às viagens ponto a ponto, ou seja, aquelas em que não há paradas pelo caminho.

 

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