Suplicy: afastamento do cargo seria gesto de grandeza de Sarney

O senador avalia em entrevista à Rede Brasil Atual que a renúncia não seria a melhor saída, uma vez que os parlamentares têm garantido o direito de defesa

Em plenário, o senador Eduardo Suplicy tem defendido o afastamento de José Sarney (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom. Agência Brasil)

SÃO PAULO – O Senado volta aos trabalhos na próxima semana sem o esperado esfriamento do clima na Casa. A alimentação de denúncias contra o presidente José Sarney é grande e constante, aumentando nos bastidores a discussão sobre a possibilidade de o parlamentar renunciar ao cargo.

Em entrevista à Rede Brasil Atual, o senador Eduardo Suplicy apontou que a melhor saída é uma licença temporária e que esse seria um gesto de grandeza do político eleito pelo Amapá. Ele minimizou as divergências entre a bancada do PT no Senado, que gostaria do afastamento de Sarney, e o presidente Lula, que em um primeiro momento defendeu o senador.

Confira a seguir a conversa realizada durante o Seminário Empresarial Brasil-Chile, ocorrido na quinta-feira (29) em São Paulo. Durante o evento, Lula afirmou que a crise do Senado “não é problema meu”.

RBA – Diante das reiteradas denúncias ao longo das últimas semanas, como o senhor vê a situação do Senado na volta do recesso?

Minha recomendação ao presidente José Sarney é de que ele possa, numa atitude de grandeza, de demonstração de isenção diante das diversas representações, tomar a iniciativa de pedir licença por um período de 30 dias.

E então tome a iniciativa de comparecer ao Conselho de Ética antes mesmo que o presidente, o senador Paulo Duque resolva sobre se vai arquivar ou não as representações do Psol e do PSDB. Aí se dispõe a esclarecer inteiramente os episódios para relatar inteiramente o que sabe a respeito. Isso é um passo importante e é a sugestão que eu formulo a ele.

Minha recomendação ao presidente José Sarney é de que ele possa, numa atitude de grandeza, de demonstração de isenção diante das diversas representações, tomar a iniciativa de pedir licença por um período de 30 dias

RBA – O senhor entende que a licença neste momento é mais recomendável que a renúncia?

Acho que sim porque, primeiro, há a Constituição. Segundo, a resolução 25 de 2008, que institui o Conselho de Ética, assegura a qualquer senador, sobre o qual porventura há uma representação, o direito de defesa. Então, que ele possa exercer esse direito eu avalio que é importante.

RBA – A melhor postura que o Conselho de Ética seria enviar os processos a plenário e o arquivamento seria mais um desgaste para a Casa junto à opinião pública?

O arquivamento sem o melhor exame da matéria representará um desgaste. Daí minha sugestão para que esclareça os episódios e só então caberia a decisão, com melhor informação sobre tudo.

RBA – O senhor avalia que a bancada do PT deve fechar uma nova posição em torno do assunto?

Essa posição que eu estou expondo é da maioria da bancada do PT.

Mas o presidente Lula tem uma opinião divergente.

Ele respeita a posição dos senadores do PT e tem dialogado conosco. Acho que ele entende as razões que nos levaram a ter essa posição. Obviamente, ele tem a preocupação de que o Senado possa funcionar o quanto antes da melhor maneira possível e possamos ter na presidência do Senado, até porque a base de governo tem maioria, alguém da base do governo.

Se, porventura houver um período de licença com a presidência temporária do senador Marconi Perillo (PSDB – GO), avalio a importância de um comportamento isento e republicano por parte do senador até que se tenha a decisão do que vai acontecer de maneira definitiva.

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