Potencial turístico guiou escolha de 3 sedes da Copa do Mundo no Brasil

Para sindicato das empresas de arquitetura, oito das doze sedes da Copa 2014 foram eleitas pelo peso futebolístico

Comissão da Fifa durante visita a estádio de Brasília para escolha das sedes da Copa (Foto: Marcello Casal. Agência Brasil)

O Rio de Janeiro precisa melhorar a própria imagem. São Paulo, o problema de mobilidade. E toda a estrutura aeroportuária brasileira necessita ajustes para receber a Copa do Mundo de 2014. Essas e outras conclusões serão apresentadas nesta segunda-feira (1º) pelo Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco) ao presidente Lula e ao ministro dos Esportes, Orlando Silva. O relatório “Vitrine ou vidraça: desafios do Brasil para a Copa 2014” é fruto de reuniões com autoridades estaduais e municipais e especialistas ao longo de 2008 e 2009.

Jorge Hori, consultor do Sinaenco, adiantou em entrevista à Rede Brasil Atual alguns dados que estarão no documento. A avaliação é de que a maioria das cidades terá condições de construir ou reformar estádios com verba privada, mas o capital particular não será atraído pelas obras em lugares que têm pouco potencial futebolístico. É o caso de Manaus, escolhida para ser a sede “amazônica” da Copa 2014. Para que se tenha uma ideia, há 23 anos o Amazonas não coloca um clube na Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro e a maior arrecadação do Campeonato Amazonense 2009 foi de R$ 22.300 – ocorreu em março na partida entre Nacional e Rio Negro, com público de 12.391 torcedores e despesas de R$ 11.697.

Para Hori, a escolha da cidade está diretamente ligada ao potencial turístico: “a questão é da imagem externa para desenvolver o turismo da Amazônia. Nesse caso, a imagem de Manaus é mais forte que a imagem de Belém. Se tivesse escolhido Belém, o esforço de marketing seria maior”.

O mesmo vale para a “disputa” Cuiabá e Campo Grande, da qual a primeira saiu vencedora. A diferença é que, no caso da sede “pantaneira”, nenhuma das duas cidades terá um aproveitamento rentável para o estádio depois da realização do torneio. Muitos questionam o porquê de Goiânia não ter sido eleita, já que seria a cidade com melhor potencial futebolístico do centro-oeste e um dos investimentos mais baixos para a reforma do Serra Dourada, em torno de R$ 200 milhões. Para Jorge Hori, a questão é simples: “o problema de Goiânia está vinculado ao baixo potencial turístico do ponto de vista internacional. Haveria o risco de fazer um grande investimento com resultados políticos, mas sem dinamização do turismo”. Além disso, a cidade está muito próxima de Brasília.

Mas, na leitura do consultor do Sinaenco, o futebol foi o critério principal utilizado para a escolha de oito sedes. O Rio, diz ele, “tem a melhor vitrine, porque é a cidade brasileira mais conhecida internacionalmente, e a maior vidraça, que é a questão da segurança”. Em São Paulo, uma das grandes questões é a mobilidade, problema que não será resolvido até 2014, segundo Jorge Hori.

Em relação a infraestrutura brasileira como um todo, a questão aeroportuária é o maior desafio. O consultor lembra que cada seleção vai se deslocar por pelo menos três cidades e levando torcida. “Pelo tamanho territorial do Brasil, a maior parte desse deslocamento será feita por via aérea. A questão não é só de infraestrutura, mas de organização. Terá que ser realizada eventualmente uma operação com necessidade de aumento temporário da frota”, afirma Hori.

As sedes:

Belo Horizonte
Brasília
Cuiabá
Curitiba
Fortaleza
Manaus
Natal
Porto Alegre
Recife
Rio de Janeiro
Salvador
São Paulo

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