Lula: “neste governo, é proibido proibir”

Em evento de software livre, presidente afirma que projeto do senador Eduardo Azeredo sobre crimes na internet é policialesco e representa censura

Ao lado da ministra Dilma Rousseff, o presidente segura o mascote que representa o Linux (Foto: Ricardo Stuckert. Presidência)

Em discurso otimista, o presidente Lula afirmou nesta sexta-feira (26) em Porto Alegre que o Brasil tem o povo de maior criatividade do século XXI e que o governo atual provavelmente é o mais democrático do mundo.

Durante o 10º Fórum Internacional de Software Livre, ele elogiou o incentivo dado no setor nos últimos anos, afirmando que “ou íamos para a cozinha preparar os pratos que queríamos comer, com nossos temperos, ou íamos comer aquilo que a Microsoft queria vender para a gente. Mas prevaleceu a ideia da liberdade”.

Ao ver na plateia faixas criticando o AI-5 Digital, projeto em andamento no Senado sobre crimes na internet, o presidente declarou que há um interesse policialesco na lei, “que tenta adentrar as casas das pessoas”, e que é preciso encontrar um meio de responsabilizar aqueles que trabalham com a questão digital, mas sem vigiar.

Ele acrescentou que “neste governo, é proibido proibir. O que nós fazemos neste governo é discutir. É levar a democracia às últimas consequências. Durante séculos, fomos tratados como cidadãos de terceira classe, tínhamos que pedir licença para fazer as coisas. Só podíamos fazer se os Estados Unidos deixassem, se a Europa deixasse. Agora, nós estamos com a autoestima em alta. Porque descobrimos que não tem ninguém melhor do que nós. Pode ter igual, mas não melhor”.

Para o presidente, “estamos vivendo um momento revolucionário da humanidade, em que a imprensa já não tem mais o poder que tinha uns anos atrás, a informação já não é uma coisa seletiva em que os detentores podem usá-la para dar golpe de Estado. O jornal fica hipervelho diante da internet. Fica tão velho que todo jornal criou um blogue para informar junto com os internautas do mundo inteiro”.

Em um discurso com várias referências às conquistas em ciência, tecnologia e educação, o presidente brincou que “inclusão digital é a expressão mais sexy do governo”. Aos participantes do evento, ele pediu que seja detectado aquilo que precisa ser aperfeiçoado ou criado: “nem sempre o problema do governo é de dinheiro. Às vezes, as pessoas têm quinhentas atividades e as novidades ficam para segundo plano”.