Dilma diz que é ‘mau gosto’ misturar política e doença

Com bom humor, ministra-chefe da Casa Civil deixa hospital em São Paulo dizendo que a população vai saber separar esses pondos. Da China, Lula nega terceiro mandato

Ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, saindo do hospital em São Paulo (Foto: REUTERS/Paulo Whitaker)

São Paulo (Reuters) – Demonstrando bom humor e vitalidade, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, deixou nesta quarta-feira o hospital disparando contra aqueles que vêem risco em sua candidatura à Presidência por conta do tratamento contra um câncer.
“Eu acho de muito mau gosto misturar uma doença, que hoje é curável, com questões políticas. A própria população vai entender que isso não é adequado”, disse Dilma a jornalistas, ao deixar o Hospital Sírio-Libanês, onde estava internada desde a madrugada de terça-feira (19), trazida de emergência de Brasília.

Depois do anúncio da doença, em 25 de abril, o PT reiterou a candidatura da ministra, mas integrantes da base, sobretudo do PMDB, já pensam em alternativas.

Em viagem ao exterior, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou a hipótese de um terceiro mandato, tese que voltou a ganhar força com a recente internação, ocorrida na última terça em razão de fortes dores nas pernas.

Admitindo, pela primeira vez, usar peruca –resultado dos medicamentos contra câncer que provocam queda de cabelo–, a ministra afirmou que as dores foram consequência da interrupção do uso de cortisona, medicamento presente na quimioterapia realizada por ela na quinta-feira passada e ingerido também entre sexta e segunda-feira, quando foi retirado.

“Agora eu estou muito bem, ontem (dia 19) eu estava com muitas dores nas pernas porque eu tenho uma reação quando se tira a cortisona. Quando foi suspensa, me deu esta dor muscular muito forte”, relatou a ministra. A droga foi reposta na internação em doses menores para ser retirada lentamente e a partir de agora será administrada levando em em conta a reação.

Sem a presença da equipe médica que acompanha seu tratamento em São Paulo, a ministra negou que o mal-estar tenha relação com seu ritmo de trabalho.
“Não deriva da forma de trabalho, deriva fundamentalmente do que a gente não espera. Cada um tem uma reação diferente a certos remédios. (Como) eu, se tirarem a cortisona de mim e a algumas pessoas também”, disse.

“Imunidade baixa”

Sem comentar a necessidade de redução no ritmo de trabalho em função do tratamento, Dilma disse apenas que é possível que não compareça a um almoço no sábado organizado pela ex-prefeita Marta Suplicy em que foram convidadas apenas mulheres, como a apresentadora como Ana Maria Braga e intelectuais como a filósofa Marilena Chauí. “Porque é um momento da minha baixa imunidade”, justificou.

Aliados haviam afirmado na véspera que ela reduziria seu ritmo de trabalho logo após as sessões de quimioterapia, mas descartaram uma licença do governo.

Escolhida pelo presidente Lula para disputar a eleição que definirá seu sucessor no próximo ano, Dilma disse que teve na manhã anterior um “despacho básico” por telefone com o presidente, que se encontrava em viagem à China.

Vestindo calça-comprida e uma jaquetinha estampada, além de brincos e colar de pérolas, ela disse que não engordou e nem emagreceu depois das duas sessões de quimioterapia e evitou revelar quando retorna a Brasília ou mesmo se ficaria em São Paulo.

“Eu sei que sou uma figura pública, mas a um pouco de privacidade eu tenho direito.”
Sobre a queda do cabelo, Dilma afirmou: “Estou usando uma peruquinha básica. Espero que quando crescer e estiver do tamanho dos masculinos eu possa tirar porque é muito chato peruca”, comentou.

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