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Nos EUA, Lula defende que Brasil coopere no combate à fome ‘sem contrapartidas’

Ex-presidente afirma que ações no setor durante seu governo levaram brasileiros “às portas da cidadania” e que país está pronto para mostrar suas experiências sem “cobrar contrapartidas”

Ao lado do ex-presidente de Gana John Agyekum Kufuor, Lula afirmou que o combate à fome é a verdadeira guerra que deve ser travada pelos governantes (Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula)

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (14) nos Estados Unidos que a experiência de combate à fome no Brasil pode ser transferida a outros países, desde que adaptada às realidades locais. O discurso foi feito no dia seguinte à entrega do World Food Prize, um prêmio em reconhecimento às políticas sociais do governo Lula.

“O Brasil quer transferir esse conhecimento para os países irmãos e cooperar de forma solidária – sem cobrar contrapartidas, como convém a um país que defende o multilateralismo”, disse o ex-presidente em Des Moines durante uma conferência sobre segurança alimentar e desenvolvimento.

Lula defendeu que a fome é um problema do Estado, que não pode deixar de combatê-lo, e pontuou que os programas realizados durante seu governo foram importantes instrumentos para “girar” a roda da economia. “Ao gerar empregos e renda, nossos programas sociais permitiram que muitas famílias, antes vítimas da miséria e da carência alimentar, encontrassem por si mesmas as portas de acesso à cidadania.”

O ex-presidente afirmou que tem uma antiga ligação com o assunto. Em primeiro lugar, por sua experiência como retirante nordestino. “Eu sabia, pela minha vivência pessoal, que a fome é a pior arma de destruição  em  massa do mundo, porque não mata soldados, e sim crianças inocentes.” Depois, durante as Caravanas da Cidadania, realizadas após a derrota nas eleições presidenciais de 1989, quando ele e uma comitiva rodaram o Nordeste e o Sudeste a bordo de um ônibus para conhecer os problemas de várias localidades.

“Os pobres passaram a ser tratados como cidadãos e governamos para todos os brasileiros, e não mais para apenas um terço da população. Provamos que era possível distribuir renda,  ao mesmo tempo em que o país crescia, sem criar inflação ou comprometer o equilíbrio macroeconômico e fiscal”, pontuou, ressaltando que se desafiou a lógica de manter as pessoas famintas para que ficassem sujeitas à manipulação política. “O  drama que afligia milhões de brasileiros não era resolvido por falta de vontade política dos governantes. A fome era tratada apenas como uma questão social. Tínhamos de ir mais longe.”

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