AMÉRICA LATINA

Frente liderada por Rafael Correa vence eleições regionais no Equador em meio a violência

No sábado, candidato a prefeito da Revolução Cidadã na cidade de Puerto López, Omar Menéndez, foi assassinado a tiros

Arquivo/Agência Brasil
Arquivo/Agência Brasil
Após "Lava Jato equatoriana", ex-presidente Rafael Correa está exilado na Bélgica desde 2017

São Paulo – Mesmo sem participar diretamente das eleições regionais no Equador, neste domingo (5), o ex-presidente Rafael Correa e aliados venceram as disputas mais importantes no país. Desse modo, impondo dura derrota ao atual chefe de governo, Guillermo Lasso. Mesmo em locais considerados redutos da direita, Correa e o partido Revolução Cidadã (RC), liderado por ele, tiveram vitórias importantes.

No violento processo eleitoral, candidatos e militantes foram assassinados. O candidato a prefeito pela cidade equatoriana de Puerto López, Omar Menéndez, 41 anos, foi assassinado a tiros no sábado (4). Menéndez vinha sendo cotado pela Revolução Cidadã para disputar a presidência em 2025. Horas depois, Carlos González, de apenas 16 anos, que havia sido ferido no mesmo atentado, também morreu.

A União pela Esperança, frente de centro-esquerda liderada por Correa que saiu vitoriosa, reúne diversos partidos e organização sociais e indígenas. A além de também incorporar o chamado “centro democrático”.

A maioria dos equatorianos rejeitou oito propostas sobre segurança pública do atual governo. De acordo com as projeções, a oposição elegeu representantes para prefeituras e regiões mais populosas do país.

A aliança progressista Correa ganhou as quatro disputas consideradas mais importantes nas eleições de domingo. São as prefeituras de Quito e Guayaquil e as províncias de Pichincha (que abrange a região metropolitana de Quito) e Guayas, as mais populosas do país. Dessas quatro vitórias do “correísmo”, apenas Pichincha já estava em poder da RC. Com a reeleição da governadora Paola Pabón, a centro-esquerda se manteve no governo.

“Tentativa desesperada do governo”

Em sua conta no Twitter, Rafael Correa critica o fato de o resultado oficial ainda não ter sido divulgado. “A inexplicável demora nos resultados de Guayas e Pichincha é uma tentativa desesperada do Governo de reverter a mais importante e dolorosa derrota: o 8 vezes NÃO à sua consulta enganosa”, escreveu. “Saia com alguma decência”, disse ainda.

Uma das propostas rejeitadas pela população do Equador nessas eleições regionais possibilitaria uma reforma constitucional para permitir a extradição de cidadãos equatorianos sentenciados por narcotráfico a outros países. Como se pode supor, essa entrega de traficantes de drogas para outras nações seria um retrocesso na soberania e um “agrado” aos Estados Unidos, já adotado pela Colômbia.

Outra rejeição foi ao texto que ampliava a autonomia de investigação da polícia. Essas propostas só entrariam em vigor após serem aprovadas no Legislativo.

A Lava Jato equatoriana

Há dois anos, o Equador passou por momento muito parecido com o vivido pelo Brasil da operação Lava Jato. Ofensivas judiciais e midiáticas foram usadas como fachada institucional desconstruir a democracia do país.  Rafael Correa e aliados foram perseguidos e o ex-presidente foi condenado a oito anos de prisão. Por isso, está exilado na Bélgica.


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