Petróleo e gás

Dependente da Rússia, União Europeia não pode seguir embargo dos Estados Unidos e Reino Unido

Segundo especialistas, hoje seria impossível uma suspensão da importação russa em meio a uma crise energética. Aproximadamente 40% do gás e 25% do petróleo consumidos pela União Europeia vêm do país governado por Putin

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União Europeia tem grande dependência em relação ao petróleo e gás russos, diferentemente dos EUA

São Paulo – Após o anúncio da decisão por parte dos Estados Unidos e do Reino Unido de suspender a importação de gás e petróleo da Rússia, a União Europeia se viu pressionada a seguir em direção semelhante, mas a curto prazo a suspensão seria inviável. Ontem (8), o barril do tipo Brent subiu cerca de 7%, ultrapassando a marca de US$ 130 por barril em função especialmente do veto estadunidense, ficando, contudo, aquém dos níveis de segunda-feira, quando atingiu seu maior patamar desde 2008. Uma elevação ainda maior foi evitada após a Alemanha ter negado a possibilidade de um veto aos suprimentos russos, dada a sua natureza “essencial” para a economia europeia.

Mesmo com a guerra na Ucrânia, a Alemanha continua importando gás da Rússia pelo gasoduto Nord Stream 1, cuja distribuição Moscou ameaçou cortar na terça-feira, como resposta às sanções. Putin chegou a assinar no final do dia um decreto para proibir as exportações de alguns produtos e matérias-primas que serão explicitados nos próximos dois dias.

Dependência europeia da energia russa

Segundo especialistas consultados pelo veículo espanhol El Diario, hoje seria impossível uma suspensão da importação russa em meio à pior crise energética vivida pelo continente nas últimas décadas. Aproximadamente 40% do gás e 25% do petróleo consumidos pela União Europeia vêm da Rússia.

No domingo (6) , a CEO da Engie francesa, Catherine MacGregor, disse em uma entrevista ao Les Echos que a Europa não tem capacidade de abrir mão do gás vindo da Rússia do dia para a noite. “Sem o gás russo, entramos em um cenário extremo“, pontuou. “Os recursos disponíveis são limitados” e insuficientes para “substituir completamente o gás que estamos recebendo da Rússia”. A dependência, lembrou ela, “é de 100% em certos países do Leste Europeu” e um corte de oferta “teria consequências sérias e muito rápidas”.

Os números da União Europeia e do continente de uma forma geral contrastam com o baixo peso que o país presidido por Vladimir Putin tem em suprimentos importados pelos Estados Unidos. Em 2021, 8% das importações de petróleo e derivados dos Estados Unidos vieram da Rússia e o o governo Biden já estabeleceu contatos com a Venezuela para substituir o fornecimento suspenso, em uma reunião realizada em Caracas com a qual rompeu com anos de isolamento de seu país em relação ao governo de Nicolás Maduro.

Já o Reino Unido está “explorando opções” para este desengajamento, o que não ocorrerá de uma só vez. O primeiro-ministro Boris Johnson disse na segunda-feira que “você não pode simplesmente cortar o fornecimento de gás ou petróleo da Rússia do dia para a noite”. Os russos fornecem 8% do petróleo bruto e 4% do gás consumido pelo país.

A Rússia concentra 6,2% das reservas de petróleo do mundo e é o terceiro maior produtor, depois da Arábia Saudita e dos Estados Unidos, sendo responsável por 12% do comércio global de petróleo bruto e 15% do comércio de produtos refinados.

Com informações do El Diario