13º DIA

Rússia faz exigências para encerrar guerra e ameaça cortar fornecimento de gás para Europa

Russos pedem rendição das tropas ucranianas e a não adesão do país à Otan

Sputnik / Aleksandr Kryazhev
Sputnik / Aleksandr Kryazhev
Por outro lado, a Ucrânia não apresentou uma lista oficial de demandas para, de sua parte, encerrar o conflito, como fez a Rússia

São Paulo – A Rússia apresentou suas exigências para encerrar a guerra contra a Ucrânia. O conflito chega ao 13º dia nesta terça-feira (8), e o cessar-fogo não teve avanço após a terceira reunião entre as partes, realizada ontem (7). A Organização das Nações Unidas (ONU) já estima que o conflito no leste europeu fez mais de dois milhões de refugiados pelo mundo.

Ainda ontem, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que seu país havia dito à Ucrânia que estava pronto para interromper sua ação militar “em um momento” se Kiev cumprisse suas condições. A Rússia defende quatro pontos para acabar com a guerra: rendição militar ucraniana; mudança na Constituição da Ucrânia para resguardar neutralidade – o que, na prática, significa que a Ucrânia se compromete a ficar fora da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan); reconhecimento da Crimeia como território russo; e reconhecimento também das repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk como territórios independentes.

Por outro lado, a Ucrânia não apresentou uma lista oficial de demandas para, de sua parte, encerrar o conflito, como fez a Rússia. Na avaliação da professora de Relações internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) Denilde Holzhacker, o conflito ainda não está próximo de um desfecho. “Apesar de ter deixado claro, ainda não se cria um canal para avanço da negociação. Dificilmente os ucranianos aceitarão os dois últimos pontos. Entretanto, é um avanço pequeno para o processo de negociação. Como a Rússia continua com fortes bombardeios, isso coloca dúvidas sobre os avanços das conversas”, afirmou ela, em entrevista ao jornalista Rodrigo Gomes, da Rádio Brasil Atual.

Fornecimento de gás

A Rússia também ameaçou cortar o fornecimento de gás para a Europa, caso sanções econômicas sejam impostas ao setor energético. A medida foi discutida por países da União Europeia, mas não foi aprovada até que fontes alternativas sejam encontradas. A Rússia é o principal fornecedor de gás do continente.

“Em conexão com acusações infundadas contra a Rússia e a imposição da proibição do Nord Stream 2, temos todo o direito de tomar uma decisão correspondente e impor um embargo ao bombeamento de gás através do Gasoduto Nord Stream 1. Mas até agora não estamos tomando tal decisão”, afirmou o vice primeiro-ministro da Rússia, Alexander Novak, segundo tradução da emissora Sky News.

O serviço de gás natural é a principal arma geopolítica da Rússia, que fornece cerca de 40% do que é consumido pela Europa. A Alemanha, a maior economia do bloco, está particularmente exposta: a Rússia fornece cerca de metade de seu gás natural. Áustria, Hungria, Eslovênia e Eslováquia obtêm cerca de 60% de seu gás natural da Rússia, enquanto a Polônia obtém 80%.

Corredores humanitários

Após o acordo de ontem entre Rússia e Ucrânia, moradores têm conseguido deixar ao menos duas cidades. Um corredor humanitário foi aberto, nesta terça, em Sumy, cidade ucraniana a cerca de 330 quilômetros a leste da capital, Kiev, perto da fronteira com a Rússia.

Embora haja avanços na extração de ucranianos, o país acusa a Rússia de impedir a saída de mulheres, idosos e crianças da cidade de Mariupol. “O inimigo executou um ataque exatamente na direção do corredor humanitário”, disse o Ministério da Defesa ucraniano. Ontem, a Rússia prometeu trégua em cinco cidades ucranianas para evacuação de ucranianos por corredores: Sumy, Kharkiv, Chernigov, Mariupol e a capital, Kiev.

Ao mesmo tempo que a Rússia libera a saída de civis, os militares russos avançam na guerra e tentam fechar o cerco contra a capital Kiev, dominando cidades que dão acesso ao mar. “São cidades estratégicas para tirar a saída para o mar. Ao mesmo tempo, é uma perda gigante para o governo ucraniano. É uma maneira de aumentar barganha. O objetivo de fato da Rússia é chegar a Kiev e aumentar essa barganha, em troca da rendição do governo ucraniano”, explicou a professora Denilde.

Confira a entrevista


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