Turbulência

Dominado por oposição, Congresso do Peru abre processo de impeachment contra Pedro Castillo

Oposição, com maioria no Congresso, consegue emplacar pedido de impeachment contra Presidente do Peru na quarta tentativa

Congreso del Peru/Twitter
Congreso del Peru/Twitter
Pedro Castillo tomou posse em julho como presidente do Peru, mas oposição não aceitou resultado das urnas e desde então tenta o impeachment

São Paulo – O Congresso do Peru aprovou, nesta segunda-feira (14), por 76 votos a 41, abertura de processo de impeachment contra o presidente Pedro Castillo. Ele derrotou a candidata de direita Keiko Fujimori por uma diferença inferior a meio ponto percentual. Desde então, a oposição ao candidato vencedor da esquerda sofrendo com a oposição, que tem maioria no Legislativo. Castillo tem até o dia 28 para apresentar defesa das acusações de “conspiração” e “tráfico de influência”.

Este foi o quarto pedido de impeachment contra o presidente do Peru, empossado em julho do ano passado. Com menos de um ano de mandato, Castillo pode ser o terceiro presidente do Peru a sofrer impeachment em apenas três anos. O ex-presidente Pedro Pablo Kuczynski renunciou durante seu processo de destituição, em 2018. Já Martín Vizcarra foi afastado pelo Congresso em 2020. A informação é da CNN.

Coincidências e semelhanças

A forma com a atual oposição peruana, de direita e neoliberal, recusou-se a reconhecer a derrota para o candidato da esquerda faz lembrar o Brasil de 2014. Na ocasião, Aécio Neves (PSDB) perdeu para Dilma Rousseff (PT), reeleita. O tucano chegou a questionar o placar da votação no Tribunal Superior Eleitoral. Em seguida, aliou-se a setores do MDB então liderado pelo deputado Eduardo Cunha, que virou presidente da Câmara.

Após cerca um ano de mandato de Dilma, Cunha acolheu encaminhou o processo de impeachment que resultaria no golpe de 2016. Supostamente aliado de Dilma na eleição, o MDB do vice Michel Temer abraçou o programa de governo do PSDB, derrotado nas urnas, para assumir o poder. Cunha acabou preso por corrupção e Aécio Neves – eleito deputado em 2018, e hoje sumido dos holofotes – entrou na mira na Justiça pela mesma razão.

Mas o senador Tasso Jereissatti (PSDB-CE) reconheceria, tardiamente, que seu partido errou ao não reconhecer o resultado democrático das urnas. Em entrevista de 2018, o então presidente do PSDB afirmou que o partido foi “engolido pela tentação do poder“. Além disso, reconheceu que os tucanos abandonaram “princípios básicos” do partido só para fazer oposição ao PT. O resultado foi a ascensão de Bolsonaro.

Quem é Pedro Castillo

Pedro Castillo Terrones, de 51 anos, nasceu na região de Cajamarca e é professor. Tem mestrado em psicologia educacional e desde 1995 leciona na província de Chota, em Cajamarca.

Como sindicalista, Castillo foi um dos líderes em uma greve de professores durante o governo de Pedro Pablo Kuczynski. Define-se como um lutador social e à época das eleições dizia que iria terminar com os conflitos sociais em seu país. Seu partido afirma que a parte econômica de seu plano de governo tem inspiração em experiências da da Bolívia de Evo Morales e do Equador de Rafael Correa. Durante a campanha, Castillo defendeu a nacionalização dos setores de mineração, hidroenergia e comunicações, entre outros.


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