Prévias

Colômbia apura votos, à espera da sucessão presidencial. Observadores externos recebem denúncias

Primeiros números apontam vantagem do senador Gustavo Petro, do campo progressista, favorito para as eleições de maio. Mas composição do parlamento é importante para a governabilidade

Reprodução Twitter
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Gustavo Petro, pré-candidato à presidência, é esperança do campo progressista

São Paulo – Com várias denúncias colhidas por observadores internacionais, inclusive brasileiros, a Colômbia iniciou na noite deste domingo (13) a apuração de votos para as eleições parlamentares, que também funcionam como prévias para a eleição presidencial, marcada para 29 de maio. Os primeiros resultados apontam vantagem para o senador e ex-prefeito de Bogotá Gustavo Petro (Pacto Histórico, de esquerda), que já foi candidato à presidência da Colômbia. Mas a definição do Congresso será decisiva para formação de uma base parlamentar.

Sindicalista do setor bancário brasileiro e presidenta da UNI Finanças Mundial (que integra o UNI Global Union), Rita Berlofa faz parte da missão de observadores que passou os últimos dias em Bogotá e recebeu diversas denúncias, repassadas à Registraduría Nacional de Estado Civil, a autoridade eleitoral colombiana. O próprio Gustavo Pedro também registrou problemas em suas redes sociais.

Acordo de paz

Entre as diversas denúncias recebidas, Rita cita problemas com as 16 vagas na Câmara de Representantes destinadas a vítimas da violência, resultado de acordo de paz celebrado em 2016. “O temor é que essas vagas não sejam preenchidas pelas pessoas que têm esse direito”, diz a dirigente. Algumas inscrições de candidaturas não teriam aparecido, o acesso em algumas regiões foi dificultado e houve até mesmo relato de que o filho de um militar estaria se candidatando como vítima.

Nas representações diplomáticas, o formulário para colombianos que moram no exterior estaria incompleto, sem, por exemplo, o campo para impressão digital do eleitor. Além disso, há preocupação com o software usado o processo eleitoral.

Rita e outros observadores constaram outros problemas neste domingo ao percorrer locais de votação. Em alguns deles, fiscais assinavam cédulas eleitorais, o que poderia dar margem a fraudes. “E não havia privacidade na hora do voto. Nós estivemos em um lugar (um centro de convenções) com todo mundo entrando com criança, cachorro…” Outra informação que chegou aos visitantes foi de bloqueio de estradas, possivelmente por paramilitares. Tudo o que foi visto será discutido em reunião nesta segunda-feira às 16h locais (18h em Brasília), quando deverá ser redigido um documento oficial.

Primeiros resultados

Até as 21h do domingo, a coalizão Pacto Histórico estava com 4,374 milhões de votos. Destes, Gustavo Petro, favorito nas pesquisas, recebia 3,512 milhões, 80%. A coalizão Equipo por Colômbia (direita) tinha 2,969 milhões, dos quais 1,620 milhão (55%) destinados ao ex-prefeito de Medellín Federico (Fico) Gutierréz. Já a Coalición Centro Esperanza (centro-esquerda) estava com 1,741 milhão, mais distribuídos entre os pré-candidatos, com vantagem para Sergio Fajardo (570 mil votos, 33%), também ex-prefeito de Medellín e ex-governador de Antioquia. Em 2018, ele perdeu por pouco para Petro, que foi para o segundo turno, em junho daquele ano, quando foi derrotado pelo direitista Iván Duque, apoiado por Álvaro Uribe.

Gustavo Petro, que completará 61 anos no mês que vem, volta a ser esperança do setor progressista para a eleição presidencial. Mas da composição que sairá do parlamento dependerá a governabilidade do próximo mandato. “Hoje começa a mudança, a partir das urnas”, disse o pré-candidato ao votar.


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