CONFLITO INTERNACIONAL

Ucrânia anuncia retirada de sua embaixada na Rússia

Ação acontece depois de russos iniciarem operação militar em cidade ucraniana

ukrainian presidential press service
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As tensões entre os dois países aumentaram nos últimos meses, devido a uma aproximação da Ucrânia com a Otan e à possibilidade de instalação de armamentos ocidentais perto das fronteiras russas

São Paulo – O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia anunciou, nesta quinta-feira (24), a evacuação da embaixada ucraniana na capital da Rússia, Moscou. A entidade afirmou que, por ordem do presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, iniciou o procedimento de rompimento das relações diplomáticas com a Rússia, “conforme as normas do Direito internacional”.

A saída da embaixada se deu após a Rússia decidir atacar a Ucrânia na madrugada de hoje. O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou o início de uma operação militar especial na região de Donbass, onde ficam as repúblicas populares de Donetsk e Lugansk (RPD e RPL, respectivamente). Putin garantiu que a Rússia não tem a intenção de ocupar o país vizinho.

O governo em Kiev pensa diferente. “A invasão da Ucrânia começou”, afirmou por sua vez o ministro do Interior ucraniano, Denis Monastirski, citando ataques com artilharia e mísseis. “É uma invasão total”, disse seu colega chanceler, Dmitro Kuleba no Twitter. O país decretou lei marcial, fechou seu espaço aéreo.

De acordo com a Agência Sputnik, o porta-voz oficial da Milícia Popular da República Popular de Donetsk (RPD), Eduard Basurin, afirmou que não há militares russos em Donetsk, e que apenas forças da república estão realizando a operação ofensiva na região. “Eu posso afirmar com segurança que, neste momento, não há militares russos aqui. A operação ofensiva está sendo conduzida por forças de Donetsk”, declarou. De acordo com as autoridades de Donetsk, pelo menos 15 militares ucranianos entregaram suas armas e se renderam em Donbass.

Otan fora

Ao longo da manhã, representantes permanentes na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) chegaram a acordo para acionar o plano de defesa que prevê a implantação de forças de reação em países-membros da Aliança Atlântica durante a situação de crise. Segundo o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, a Aliança não tem intenção de enviar forças para a Ucrânia.

Ele acrescentou também que a Aliança Atlântica apoia a Ucrânia, mas garantias de segurança firmes são dadas apenas aos aliados da Otan. “Discutimos a situação atual, após receberem recomendações de conselheiros militares os representantes permanentes acordaram em ativar o nosso plano de defesa, que prevê a implantação temporária de forças em países da Aliança durante a crise”, afirmou, em uma coletiva de imprensa após uma reunião de emergência dos representantes permanentes do bloco. “Não temos tropas na Ucrânia, e não temos qualquer plano de enviar tropas para a Ucrânia”, acrescentou.

A candidata à presidência da França Marine Le Pen defendeu que o país deve iniciar uma reunião sob o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU), envolvendo Estados Unidos, Rússia e Ucrânia. “A França deve assumir a iniciativa para um encontro diplomático sob os olhares da ONU com os EUA, Rússia, Ucrânia, França, Alemanha, Reino Unido, Polônia, Romênia, Hungria e Eslováquia, que fazem fronteira com a Ucrânia, para acabar com o conflito e restaurar a paz na região, que é o coração do nosso continente”, afirmou.

O caso

As tensões entre os dois países aumentaram nos últimos meses, devido a uma aproximação da Ucrânia com a Otan e à possibilidade de instalação de poderosos armamentos ocidentais perto das fronteiras russas.

Na visão dos russos, a consideração de uma adesão da Ucrânia à aliança ocidental ultrapassa todos os limites aceitáveis, ameaçando gravemente a segurança da Rússia. Apesar dos diversos apelos diplomáticos feitos pelo governo Putin na tentativa de que os Estados Unidos e seus aliados europeus levassem em conta as preocupações russas, não foram registrados progressos nas negociações.

A situação se deteriorou nos últimos dias, quando Putin declarou apoio às regiões separatistas da Ucrânia, além de uma série de ataques das forças ucranianas contra essas regiões. Além disso, houve declarações polêmicas do governo de Vladimir Zelensky, de que Kiev poderia renunciar a seu status não nuclear, acordado em 1994 no Memorando de Budapeste.

Com informações do Sputnik Brasil e do portal UOL


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