Biden impõe sanções a gasoduto russo que dobraria fornecimento de gás à Europa
A instalação é considerada por analistas não alinhados a Washington como o verdadeiro motivo para a escalada com que os EUA investem na retórica de guerra
Publicado 23/02/2022 - 20h38
São Paulo – O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deu sequência na tarde de hoje (23) a suas promessas de impor sanções à Rússia, depois de o presidente Vladimir Putin anunciar o reconhecimento da independência de regiões separatistas da Ucrânia Donetsk e Luhansk. Desta vez, Biden mirou o gasoduto submarino russo Nord Stream 2 (Corrente do Norte 2), que dobraria o fornecimento de gás para a Europa. “Orientei o governo a impor sanções à Nord Stream 2 AG e seus diretores corporativos”, disse Biden.
O Nord Stream 2 é considerado por diversos analistas não alinhados a Washington como o verdadeiro motivo para a ferocidade com que o governo Biden está investindo em sua retórica de guerra. Desde o final dos anos 1990 os Estados Unidos e a Otan têm avançado para o Leste, em direção às fronteiras da Rússia.
Resposta
Também hoje, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia declarou que as sanções dos EUA “vão receber uma resposta forte, não necessariamente simétrica, mas calibrada e sensível para o lado norte-americano”. A pasta, segundo o Sputnik Brasil, destacou que a Rússia pode minimizar os efeitos das sanções e que isso não será suficiente para impedir o país de defender seus interesses.
O Ocidente incorporou vários países da Europa Oriental à Otan e o próximo passo era levar a Ucrânia para dentro do bloco militar. A China criticou duramente a postura norte-americana nesta quarta-feira. A chancelaria chinesa classificou as medidas anunciadas por Biden como “sanções unilaterais ilegais” e acusou os EUA de incentivarem a guerra.
Desde Trump
A construção do Nord Stream 2 foi iniciada em 2018. Desde o início, conforme reporta o site alemão Deutsche Welle (DW), os EUA e seus parceiros europeus da Alemanha foram contra o projeto e “pressionaram o governo da então chanceler federal alemã Angela Merkel a desistir do acordo”. Merkel não cedeu. Para os americanos, com o projeto a Europa viraria uma ferramenta de geopolítica à disposição de Putin.
Já em 2019 o então presidente Donald Trump assinou uma lei que para impor sanções a qualquer empresa que ajude a estatal de gás da Rússia Gazprom a terminar o projeto.
Com o adiamento – ou mesmo a suspensão definitiva – do início da operação do Nord Stream 2, a Europa fica em situação difícil, já que enfrenta uma crise energética em pleno inverno europeu.