"Cá estamos outra vez"

Lula, Fernández e Cristina Kirchner celebram a democracia na Plaza de Mayo

Em ato pelos 38 anos de estabilidade democrática na Argentina, ex-presidente brasileiro lembrou que ‘América do Sul viveu seu melhor momento sob governos progressistas’

Reprodução/Facebook
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Ex-presidente brasileiro agradeceu a solidariedade argentina quando estava preso

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente da Argentina, Alberto Fernández, e sua vice, Cristina Kirchner, compartilharam na noite desta sexta-feira (10), na Plaza de Mayo, um ato político em comemoração aos 38 anos de democracia argentina e ao Dia Internacional dos Direitos Humanos. Em seu discurso, Lula afirmou que, a partir do ano 2000, com governos socialistas, humanistas e progressistas, a América Latina chegou a “seu melhor momento de democracia”. Ele citou os vários líderes que governaram no período, em que as nações “expulsaram” a Alca, deram protagonismo ao Mercosul e à Celac, “com Cuba, sem os Estados Unidos e o Canadá”. Lula lembrou Néstor e Cristina Kirchner, Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia), Michelle Bachelet (Chile), o próprio Mujica e o também uruguaio Tabaré Vászquez.

O ex-presidente uruguaio Pepe Mujica também participou da cerimônia e coube a ele chamar o brasileiro ao microfone, depois de ele mesmo saudar a democracia. Segundo Mujica, o regime “não pode ser perfeito, porque nós, humanos, não somos perfeitos, mas até agora não encontramos sistema melhor”, disse, parafraseando o primeiro-ministro britânico durante a Segunda Guerra Winston Churchill. 

Recebido como chefe de Estado, Lula participa de ato político no coração de Buenos Aires

Lula agradeceu a solidariedade argentina quando estava preso nas dependências da Polícia Federal, em Curitiba, entre 2018 e 2019, “vítima da mesma perseguição que Cristina foi e é vitima na Argentina”. Dirigiu-se especialmente a Alberto Fernández, que, em meio à sua campanha como candidato à presidência da República, foi à capital paranaense visitar Lula. “Não era prudente, ele era candidato a presidente da Argentina e teve coragem de me visitar na cadeia”, afirmou Lula.

“Cenário de alegrias e tragédias”

Diante de milhares de argentinos que lotaram a Plaza de Mayo, a carismática ex-presidente e atual vice, Cristina, fez um discurso forte e emocionante. Afirmou que a praça onde se realizou o evento foi “cenário de grandes alegrias e também das tragédias argentinas”, em referência à ditadura e à luta das Mães da Praça de Maio.

Ela se referiu à história recente do país, que até 2019 foi governado pelo neoliberal Mauricio Macri, e comparou o período à ditadura militar. “Depois se fez a noite outra vez para a Argentina (com Macri). E a diferença de quando éramos mais jovens é que, antes, os governos nacionais populares eram desalojados por golpes militares. Desta vez, não vieram com uniformes e botas, vieram com as mídias hegemônicas para construir imagens”, disse.

O papel da mídia

A ex-presidente contou relato feito por Lula, a respeito da cobertura dos principais jornais brasileiros e sobre a perseguição ao ex-presidente em aliança com a operação Lava Jato. Em situação semelhante e no centro de sucessivos ataques pela mídia tradicional, a própria Cristina é objeto de perseguição judicial em seu país. “Já não era necessário fazer o que faziam as ditaduras latino americanas. Não era necessário fazer ninguém desaparecer e torturar.”

O novo método de perseguição a líderes populares, acrescentou, era atacar nos jornais e na TV. “Primeiro se condena na mídia, não pelo desaparecimento físico, mas pelo desaparecimento político dos dirigentes. São as novas formas de perseguição. Mas não importa, cá estamos outra vez. O povo sempre volta”, acrescentou Cristina.

Em processo de negociação com o Fundo Monetário Internacional, o presidente Alberto Fernández prometeu: “não vamos negociar nada que ponha em risco o crescimento e desenvolvimento social argentino. Vamos cumprir obrigações que outros assumiram, mas não à custa da educação pública, da saúde, do salário. A Argentina do ajuste (fiscal) é hist´ória”, garantiu.

Confira a participação de Lula no ato cultural da Plaza de Mayo em comemoração aos 38 anos de democracia na Argentina e ao Dia dos Direitos Humanos:


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