Deu no New York Times

Cuba: Lula e mais 440 personalidades apelam a Biden pelo fim do embargo

Noam Chomsky, Jane Fonda, Adolfo Pérez Esquivel e movimentos como o MST e o Black Lives Matter afirmam que é “inescrupuloso” manter o bloqueio econômico a Cuba durante a pandemia

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Não há razão para que os EUA tratem os cubanos como inimigos, como nos tempos da Guerra Fria, dizem os signatários da carta

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outras 440 personalidades mundiais enviaram uma carta aberta ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pedindo o fim do embargo econômico imposto a Cuba. O manifesto, intitulado Let Cuba Live (Deixem Cuba Viver), foi publicado no jornal The New York Times nesta sexta-feira (23). Eles pedem que o democrata revogue uma série de 246 “medidas coercitivas” contra a ilha socialista assinadas pelo seu antecessor, Donald Trump.

Também assinam o ex-presidente do Equador Rafael Correa, o líder trabalhista do Reino Unido Jeremy Corbyn e o ex-ministro das Finanças da Grécia Yanis Varoufakis; intelectuais, como os norte-americanos Noam Chomski e Judith Butler, o britânico David Harvey e o Nobel da Paz argentino Adolfo Pérez Esquivel e o brasileiro Frei Betto; o cineasta Oliver Stone, os atores Susan Sarandon, Danny Glover, Jane Foda, Mark Ruffalo, Emma Thompson e o brasileiro Wagner Moura. O músico Chico Buarque também aparece entre os signatários.

Confira a carta na íntegra e a lista completa de apoiadores

Esse manifesto, no entanto, surge um dia após Biden anunciar novas sanções contra Cuba. As restrições diplomáticas e financeiras recaem sobre autoridades cubanas identificadas como responsáveis pela repressão a protestos que ocorrem na ilha durante a semana passada. Dezenas de manifestantes foram presos, mas o governo cubano também acusa os Estados Unidos de promover a desestabilização.

Por outro lado, as autoridades cubanas também anunciaram medidas para atender às demandas da população. A importação privada de alimentos, medicamentos e materiais de limpeza e higiene foi autorizada, até o final do ano. Além disso, o governo socialista também aumentou a oferta de produtos da cesta básica pelas “livretas de abastecimento” para 300 mil cubanos, revertendo a política conhecida como Tarefa Ordenamento.

“Inescrupuloso”

“Consideramos inescrupuloso, especialmente durante uma pandemia, bloquear intencionalmente as remessas e o uso de instituições financeiras globais por parte de Cuba. Visto que o acesso a dólares é necessário para a importação de alimentos e medicamentos”, diz um trecho do manifesto.

O movimento Black Lives Matter, que luta contra o racismo nos Estados Unidos, apoia o manifesto. Além das entidades estadunidenses de direitos humanos People’s ForumAnswer Coalition e CodePink. O Brasil também é representado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Vizinhos, não inimigos

“Não há razão para manter a política da Guerra Fria que exigia que os EUA tratassem Cuba como um inimigo existencial em vez de um vizinho”, diz outra parte do documento. “Em vez de manter o caminho traçado por Trump em seus esforços para desfazer a abertura do presidente Obama a Cuba, nós contamos com o senhor (Biden) para seguir em frente.”

Nesse sentido, a prioridade, segundo os signatários da carta, é “retomar a abertura” e “iniciar o processo de encerramento do embargo”, com o objetivo de acabar com a severa escassez de alimentos e medicamentos enfrentada pelo país caribenho.


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