Desarme

Alberto Fernández explica a Bolsonaro papel de militares numa pandemia

Presidente da Argentina rebate ironia de mandatário brasileiro: Forças Armadas devem dar suporte ao povo ante catástrofes, como diz a Constituição

Reprodução e Joka Madruga
Reprodução e Joka Madruga
“Não declarei o estado de sítio e não pretendo fazê-lo. As Forças Armadas não estão ali para fazer segurança interna", disse Alberto Fernández

São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro, cujo forte não é a diplomacia, tentou fazer piada com a situação da Argentina. Mas a ironia, baseada em informações imprecisas publicadas em alguns veículos, acabou rendendo-lhe uma resposta contundente do governo argentino do presidente Alberto Fernández. Bolsonaro usou uma imagem de Twitter para desqualificar o governo vizinho: “O Exército Argentino nas ruas para manter as pessoas em casa. Toque de recolher entre 20h e 8h ”, tuitou o presidente do Brasil. O argentino o fez ler a Constituição. Pela mesma rede social, o ministro da Defesa, Agustín Rossi, explicou que as Forças Armadas argentinas não realizam segurança interna e que vêm cumprindo a tarefa, como orienta e Constituição do país, de atuar no combate à covid-19. “Somente a prevenção sanitária, durante o dia, atendendo desarmados, como em todas as ações que realizamos durante o pandemia.”


Leia reportagem original em espanhol no Página|12

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Em sua crítica irônica à decisão de Fernández, Bolsonaro repercutiu nota do portal Infobae sobre a determinação de um toque de recolher. O que Fernández anunciou é uma limitação à circulação na Grande Buenos Aires (Amba, na sigla em espanhol). E explicou do que se trata: “Não declarei o estado de sítio e não pretendo fazê-lo. Nem mesmo as Forças Armadas estão ali para fazer segurança interna, mas para agir em catástrofes dando apoio ao povo”, disse Fernández à Rádio 10. “Devemos explicar a Constituição argentina”, disse, referindo-se aos papeis das Forças Armadas.

O governo argentino decidiu apertar as restrições com objetivo de conter a escalada de contágios durante a segunda onda da pandemia, que apresentou 27 mil casos na última semana. A postura de Alberto Fernández contrasta com a atitude de Bolsonaro, que desde o início nega a pandemia e boicota as decisões que os governadores dos estados brasileiros tomam diante da inação para tentar conter o avanço do coronavírus. Assim, Bolsonaro também questionou decisões da Argentina e de outros países da região que veem com preocupação como a falta de controle do Brasil afeta seus vizinhos. Mas acabou, como sempre, reagindo aos anúncios de Fernández com tom de zombaria.


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