Quase lá

Biden aguarda vitória na Pensilvânia para chegar à Casa Branca

Com os 20 delegados do estado, o democrata superaria os 270 votos necessários no Colégio Eleitoral, sem precisar de Nevada, Georgia ou Arizona, nos quais segue vencendo

Partido Democrata EUA/Divulgação
Partido Democrata EUA/Divulgação
Democrata conta com a vitória na região dos Grandes Lagos, onde Trump venceu Hillary em 2016, para sacramentar eleição

São Paulo – A partir da virada na Pensilvânia, Joe Biden espera o resultado no estado para ter sua vitória sobre Trump decretada e ser eleito presidente dos Estados Unidos, depois de três dias de apuração. À medida em que os votos são computados, o candidato democrata chega mais perto da Casa Branca. Com os 20 delegados da Pensilvânia, ele chegaria a 273 votos e superaria os 270 necessários no Colégio Eleitoral, sem precisar de Nevada e Georgia (onde segue ampliando a vantagem), Arizona (no qual mantém a liderança) e Carolina do Norte (onde Trump vence).

A quase certa vitória do democrata deve ainda passar por uma batalha jurídica, prometida por Trump, e longas recontagens de votos em estados nos quais a diferença será pequena. Mas a proximidade da vitória fez com que a presidenta da Câmara, Nancy Pelosi, deixasse de lado a cautela dos democratas e do próprio Biden.

Em entrevista coletiva nesta sexta (6), ela não mediu o otimismo: “Joe Biden foi de vice-presidente a presidente eleito. É um dia feliz para o nosso país porque Joe Biden é um unificador, porque ele está determinado em aproximar as pessoas novamente, porque ele respeita todos os pontos de vista”, declarou.

A imprensa norte-americana continua dividida sobre o total de votos que o democrata já tem no Colégio Eleitoral. A contagem da Associated Press, desde o dia da eleição, na terça-feira (3), considera o Arizona – onde Trump ganhou em 2016 – vencido por Biden. Com isso, ele teria 264 delegados. Já The New York Times, até a noite de hoje, não crava os 11 votos do estado na conta de Biden, assim como o Washington Post.

Grandes Lagos

Mas, confirmada a virtual vitória do democrata na Pensilvânia, mesmo que ocorra uma improvável derrota no Arizona, Biden contaria então com 273 delegados, três a mais do que o mínimo para se eleger.

A ascensão de Biden na Pensilvânia (onde virou pela manhã, como na Georgia) é decisiva e emblemática para sua vitória. Localizado no Nordeste do país, o estado faz parte da chamada região dos Grandes Lagos, ao lado de Wisconsin e Michigan, outros em que ele também virou. A importância da região pode ser medida pelo fato de Donald Trump ter vencido Hillary Clinton nos três estados – tradicionalmente democratas – em 2016.

A distância entre o democrata e o republicano continua crescendo na Pensilvânia. Era de pouco mais de 15 mil votos às 20h desta sexta, quase o triplo dos 5.587 votos a mais que tinha pela da manhã.

Desespero de Trump

As investidas de Donald Trump contra a legitimidade das eleições e virtual vitória de Joe Biden, com acusações de fraude e corrupção, chegaram ao auge em seu discurso na Casa Branca, na quinta (5). Mas o pronunciamento provocou reações contundentes, da imprensa a autoridades locais. As gigantes NBC, CBS e ABC chegaram a interromper o pronunciamento do presidente – em que demonstrava abatimento e o desespero de um derrotado – para desmentir suas acusações.

Uma das cidades que Trump atacou nominalmente, a Filadélfia, centro urbano da Pensilvânia, é o local de onde chegam os votos decisivos no estado a favor de Biden. Nesta sexta, o prefeito da cidade, Jim Kenney, em entrevista coletiva, respondeu ao ainda presidente. “Comporte-se como adulto, reconheça que foi derrotado e cumprimente o vencedor”, afirmou.

O comportamento de Trump, que, da própria Casa Branca, o símbolo político dos Estados Unidos, atacou as instituições do país, a legitimidade das eleições, adversários e empresas de maneira nunca vista, foi considerado muito grave. Trump já começou a pagar a conta de sua atitude, que será cara.

Até mesmo membros do Partido Republicano reagiram às acusações sem prova do presidente, como Chris Christie, ex-governador de Nova Jersey, entre outros. “Esse tipo de coisa só faz inflamar a população sem informar e não podemos permitir isso. Se você vai usar a Casa Branca, é seu direito fazer isso, mas se você estiver errado o povo americano poderá fazer o julgamento”, disse, segundo a CNN Brasil.