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Bolívia: Luis Arce pretende usar o lítio para retomar desenvolvimento

Presidente eleito acredita que será possível criar 130 mil novos postos de trabalho, além de 41 indústrias no país

YLB
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Durante o governo de Evo Morales, o país construiu uma relação diferente com seus recursos naturais, ou seja, deixou beneficiar as empresas mineradoras transnacionais e reverteu o desenvolvimento à população boliviana

São Paulo – A Bolívia tem a maior reserva de lítio no mundo e a partir disso o presidente eleito no último domingo (17), Luis Arce, pretende usar o aproveitamento do mineral como um dos pilares da retomada do desenvolvimento nacional do país.

Arce aposta na industrialização e na produção do lítio para reviver o período, iniciado em 2006, em que a Bolívia foi o país que mais cresceu na América do Sul, época em que foi ministro da Economia durante o governo de Evo Morales. O novo líder boliviano acredita que será possível criar 130 mil novos postos de trabalho diretos e indiretos, além de 41 novas indústrias.

O secretário-geral do IndustriALL Global Union, Valter Sanches, acredita que é acertada a iniciativa do presidente eleito em apostar na industrialização. Ele lembra que a exploração de hidrominerais no país, feita por meio da estatal YLB, é importante diante dos interesses internacionais sobre o lítio.

“Quando iniciaram a empresa, em 2008, as reservas conhecidas no país eram de nove bilhões de toneladas. Agora, passam dos 19 bilhões. O lítio é estratégico na Bolívia porque é usado nas baterias de celulares e veículos elétricos, então a demanda deve crescer ainda mais”, explicou Valter, em entrevista a Glauco Faria no Jornal Brasil Atual.

Durante o governo de Evo Morales, o país construiu uma relação diferente com seus recursos naturais, em especial com a nacionalização dos hidrocarbonetos promovida em 2006, deixando de beneficiar as empresas mineradoras transnacionais e revertendo recursos para o desenvolvimento nacional e a redução das desigualdades sociais na Bolívia. O resultado foi a redução na taxa de extrema pobreza, que passou de 38,2% para 15,2% no período, além da melhora em todos os indicadores sociais.

Mineradoras como a Tesla e a Pure Energy Minerals (Canadá) tentaram ter uma participação direta na exploração do lítio boliviano, mas não conseguiram fazer um acordo que levasse em consideração os parâmetros estabelecidos pelo governo de Morales.

Para Valter Sanches, enquanto a Bolívia, durante o governo do MAS, agregou valor para os produtos nacionais, o Brasil também poderia fazer isso com a Petrobras, no governo Jair Bolsonaro. “Porém, não existe uma pretensão de fazer da Petrobras um motor de desenvolvimento nacional, agregando valor para a petroquímica nacional. Desde o golpe de 2016, o Brasil mudou o seu rumo”, lamentou.

Confira a entrevista


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