Saúde pública

Argentina entra em ‘quarentena total’ para conter coronavírus

“Isolamento preventivo e obrigatório” teve início nesta sexta (20) e segue até 31 de março. Compras de alimentos e medicamentos poderão ser feitas. Presidente diz que medida é essencial para controlar pandemia

Reprodução
Reprodução
“A luta contra a expansão do coronavírus tem dois protagonistas em todo o mundo: o Estado e as populações”, destacou Alberto Fernández

São Paulo  – O presidente da Argentina, Alberto Fernández, decretou quarentena total no país a partir desta sexta-feira (20) em função da pandemia de coronavírus. A previsão é que a ordem de “isolamento social preventivo e obrigatório” vigore até pelo menos o próximo dia 31.

A quarentena total impõe o isolamento residencial, restringindo a circulação de pessoas na ruas. Apenas profissionais da saúde ou quem atue na distribuição de combustível, alimentos ou medicamentos poderão sair de suas casas para trabalhar durante esse período. Ao restante da população, o trânsito será permitido apenas para a compras de alimentos, remédios ou uso de caixas automáticos próximos às residências. 

Em carta aberta à população, Fernández declarou que a decisão excepcional visa garantir a saúde pública ao máximo possível e mitigar os efeitos sociais e econômicos adversos. De acordo com o presidente, os especialistas já alertaram que os casos detectados da doença em território argentino devem aumentar nos próximos dias. “A luta contra a expansão do coronavírus tem dois protagonistas em todo o mundo: o Estado e as populações”, destacou.

Os que desrespeitarem as normas sem justificativa estarão sujeitos ao código penal do país, o que inclui prisão por atentado à saúde pública. A circulação da população será patrulhada por soldados do Exército, policiais e prefeituras. para impedir que as regras sejam descumpridas, de acordo com a norma.

Segundo o governo, também serão baixadas medidas para aliviar a situação dos trabalhadores autônomos ou que atuam na economia informal. “Na Argentina, ainda estamos na hora de impedir que essa pandemia seja incontrolável. Para isso, precisamos do comprometimento de todos. A mensagem é clara: menos transferências, menos infecções. Menos contato, menos contágio. Vamos cuidar um do outro. Sejamos extremamente responsáveis”, pediu Fernández na carta à população. 

Até esta quinta-feira (19), o país registrava 128 casos confirmados da Covid-19 e três óbitos em decorrência da infecção. Com a confirmação dos especialistas de que os casos devem aumentar, o presidente espera que a quarentena total produza efeitos positivos. “O objetivo é que a pandemia seja governável, que o aumento de infecções seja compatível com o nosso sistema de saúde”, ressaltou Fernández. 

Reportagem da Folha de S. Paulo lembra ainda que a ordem de isolamento social preventivo e obrigatório do vizinho sul-americano, ocorre 16 dias depois da confirmação do primeiro caso. De acordo com o jornal, a mesma decisão só foi tomada 30 dias depois pela Itália, que hoje tem mais mortos por coronavírus do que a China – primeiro país a registrar o vírus. 

Ao final da carta, o presidente da Argentina manifestou seu apoio e solidariedade aos profissionais da saúde, que vêm se esforçando para enfrentar essa situação. Mais cedo, enfermeiros, médicos e funcionários do setor foram homenageadas pela população sob aplausos, panelaços e buzinaços. 

Com informações de Página 12, Folha de S. Paulo e G1