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Começa julgamento para extradição de Julian Assange. Futuro do ativista é incerto

EUA querem processar o fundador do Wikileaks por espionagem e vazamento de documentos secretos sobre as guerras no Iraque e no Afeganistão. No sábado, em Londres, grande manifestação expressou apoio a Assange

Garry Knight/CC.0
Garry Knight/CC.0
Manifestação de apoio ao ciberativista Julian Assange: jornalismo não é crime

Opera Mundi – Depois de quase oito anos, o mundo está mais próximo de conhecer o destino do australiano Julian Assange. O caso do fundador do WikiLeaks, responsável pelo vazamento de milhares de correspondências secretas – e comprometedoras – do Departamento de Estado norte-americano, começa a ser julgado pela corte britânica a partir desta segunda-feira (24), no tribunal de Woolwich, em Londres.

Os Estados Unidos pedem sua extradição para que ele seja julgado em solo norte-americano, onde é acusado de espionagem e vazamento, em 2010, de documentos secretos do Departamento de Estado e dos serviços de inteligência sobre as guerras no Iraque e no Afeganistão. São 18 acusações. Se condenado, Assange pode pegar uma pena de até 175 anos de prisão.

Ainda é cedo para saber ao certo o que acontecerá com o fundador do WikiLeaks. Na audiência de extradição que começa hoje serão apresentados os argumentos legais das partes. Depois disso, a sessão será interrompida e retomada em 18 de maio.

Até que isso aconteça, há ainda muitas etapas pela frente. Os advogados de Assange já tentam, por exemplo, aprovar um pedido de asilo na França, que eles alegam ser “o país dos direitos humanos”.

A defesa de Assange nega as acusações de espionagem e tenta  apresentar o processo contra o ativista como um ataque à liberdade de imprensa e o direito de informar. A Anistia Internacional pediu aos Estados Unidos que suspendam as acusações de espionagem e, ao Reino Unido, que não extradite Assange. A entidade alega que a medida pode representar uma grave violação dos direitos humanos.

Além da questão jurídica, Assange enfrenta problemas de saúde. No final de novembro do ano passado, uma carta aberta assinada por 60 médicos foi encaminhada à ministra do Interior britânica, Priti Patel. No documento, eles afirmam que Assange pode morrer na prisão.

Os signatários dizem ter sérias preocupações não só com a saúde física, mas também a saúde mental do fundador do WikiLeaks. Seus advogados querem transferi-lo para um hospital universitário na Inglaterra, para que possa ser diagnosticado e tratado.

‘Jornalismo não é crime’

No sábado (22), em Londres, centenas de pessoas se reuniram em uma grande manifestação de apoio a Julian Assangge. O pai do ativista, John Shipton, defendeu o filho com um longo discurso na praça do Parlamento.

Entre os manifestantes, que pregavam que “jornalismo não é crime”, havia celebridades como a estilista britânica Vivienne Westwood, o músico ex-integrante do grupo Pink Floyd, Roger Waters, e o ex-ministro de Finanças da Grécia Yanis Varoufakis.

Todos afirmaram que uma eventual extradição de Assange tem motivações políticas.


Com reportagem do Opera Mundi