América do sul

Assembleia da Venezuela elege nova mesa diretora e Juan Guaidó é derrotado

Os três novos integrantes da direção da Assembleia Nacional são opositores ao governo do presidente Nicolás Maduro, mas não reconhecem a liderança de Guaidó

REPRODUÇÃO/TWITTER
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presidente da Assembleia Nacional, Luis Parra, reconhecido pelo presidente Nicolás Maduro, destacou que o objetivo da nova diretoria diminuir a polarização entre chavistas e opositores

São Paulo – Os deputados elegeram neste domingo (5) um novo presidente da Assembleia Nacional da Venezuela e derrotaram o então chefe do Parlamento e autoproclamado mandatário venezuelano, Juan Guaidó, integrante do partido Vontade Popular. O deputado Luis Parra, do Primeiro Justiça, assumirá o comando do Parlamento.

A nova mesa diretora ainda terá Franklin Duarte, do Copei, e José Gregorio Noriega, do Vontade Popular, como primeiro e segundo vice-presidentes. Os três novos integrantes da direção da Assembleia Nacional são opositores ao governo do presidente Nicolás Maduro, mas não reconhecem a liderança de Guaidó. E defendem uma saída pacificada para a crise que afeta o país.

Apoiadores de Juan Guaidó não participaram da eleição apostando que não seria atingido o quórum. Uma vez atingido o quórum, passaram a alegar que o governo de Maduro impediu fisicamente a entrada de opositores no prédio do Parlamento. De acordo com os deputados oposição, não havia tal impedimento e o grupo de Guaidó, ao perceber que estava em minoria, simulou a barreira.

“Ele (Guaidó) também quis entrar no parlamento acompanhado de deputados cassados, ou seja, não estavam autorizados, e ele se recusou a entrar. Ele tenta pular a grade para criar um fato comunicacional, mas ele não entrou porque sabia que não tinha maioria” explica Amauri Chamorro, analista internacional, em entrevista aos jornalistas Glauco Faria e Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual.

Segundo Amauri, era previsível que Guaidó, que disputava sua reeleição, perdesse. “Ele usou o mandato para se autoproclamar presidente do país e ainda, junto com os Estados Unidos, roubou a Citgo – uma refinaria, distribuidora e revendedora de petróleo venezuelana. Ele assinou um decreto entregando a empresa para os norte-americanos, é terrível”, criticou o analista internacional.

Outra acusação feita por parte da direita, que apoia o autoproclamado presidente, foi a de falta de quórum na sessão. Por outro lado, os deputados presentes na Assembleia Nacional garantiram que houve número mínimo de parlamentares na sessão e que a eleição de Parra foi legítima.

O legislativo é formado por 167 deputados e são necessários 84 parlamentares para que se alcance o quórum mínimo. Williams Dávila, deputado pelo partido de oposição Ação Democrática (AD), também confirmou que a sessão ocorreu dentro das normas da Casa e que “somente dois deputados ficaram de fora, de resto todos nós entramos”.

A próxima sessão do Congresso está convocada para terça-feira (14). O presidente da Assembleia Nacional, Luis Parra, reconhecido pelo presidente Nicolás Maduro, destacou que o objetivo da nova diretoria é diminuir a polarização entre chavistas e opositores. “Nós vamos abrir caminho para transitar a despolarização do país e do Parlamento. Nossa primeira mensagem a Nicolás Maduro é que ele tem voltar a dar a cara no Parlamento, mas também respeitar o Parlamento que legitimamente eleito por 14 milhões de venezuelanos”, disse Parra em seu primeiro discurso como presidente do Congresso.”