face dos terroristas

Amauri Chamorro: Estados Unidos implementam o terror no mundo

Assassinato de general iraniano e ameaças do presidente Donald Trump evidenciam a "cultura da violência" estadunidense em um contexto de disputa eleitoral, avalia consultor internacional

CC 2.0 Gage Skidmore
CC 2.0 Gage Skidmore
Retórica agressiva do presidente Trump, diante das respostas ao assassinato do líder iraniano, também comunica sua preocupação com a reeleição de seu mandato

São Paulo – Para o analista internacional Amauri Chamorro, as circunstâncias da morte do líder da Força Al Quds, unidade especial da Guarda Revolucionária do Irã, Qassem Soleimani, após um ataque do governo de Donald Trump em Badgá, evidencia que os Estados Unidos cometeram, na prática, um ato de terrorismo. “Foi um atentado”, afirma Chamorro em entrevista ao jornalista Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual.

Nesta quinta-feira (2), o general Qassem Soleimani foi atacado e morto por um drone das tropas estadunidense, assim como o chefe das Forças de Mobilização Popular do Iraque, Abu Mahdi al-Muhandis e outras sete pessoas.  “Foi um atentado terrorista por parte dos Estados Unidos e agora o Irã irá reagir”, aponta o consultor internacional sobre a onda de protestos que tem se formado pedindo vingança à morte de um dos mais importantes líderes iranianos.

O parlamento iraquiano aprovou um pedido de retirada de tropas dos EUA, que prestavam “assistência militar” ao país, junto às forças iranianas, para combater o avanço do Estado Islâmico (ISIS) sobre a região. Por outro lado, o presidente Trump fez uma série de ameaças ao Irã, pelo Twitter, mantendo elevado o nível de tensão entre os países. “Isso deve servir como um aviso de que, se o Irã atingir americanos ou ativos americanos, temos 52 locais como alvo, alguns em um nível muito alto e importante para o Irã e a cultura iraniana”, tuitou.

“Os Estados Unidos são um país que implementa o terror no mundo”, pontua o analista internacional. “Donald Trump, apesar de tudo, ele é muito mais conhecido por esse retórica agressiva em seu Twitter do que iniciando guerras. Seria o primeiro presidente dos Estados Unidos a acabar seu período de governo sem ter começado uma guerra. (Essa) é a primeira vez que toma uma medida militar tão agressiva contra um país, até hoje não houve isso”, destaca Chamorro, em referência ao histórico bélico do país. Ele cita como exemplo o fato de, durante os dois mandatos do presidente Barack Obama, que em 2009 chegou a ser premiado com o Nobel da Paz, terem havido conflitos militares, assim como com seus antecessores.

“Obama é um assassino, (George W.) Bush… Todos eles mataram muito gente ao redor do mundo”, afirma o analista internacional.

O tom de Trump para a reeleição 

O ímpeto bélico  por parte do presidente dos EUA também revela a preocupação de Trump com a sua reeleição, avalia Chamorro.

“Ele falar, ameaçar, dizer que vai destruir, que patrimônios da humanidade serão bombardeados, claro que isso demonstra que ele fala para esse público dele. Isso também tem um atitude comunicacional e eleitoral nesse momento, não podemos pensar que tem apenas uma função militar para manter a região sob controle ou qualquer coisa assim”, analisa.

Não à toa, segundo o o consultor, a comunidade internacional vem se omitindo em reagir contra as ameaças do governo Trump. Para Chamorro, as sociedades pelo mundo construíram uma “cultura de aceitação à violência e à presença militar” dos Estados Unidos.

“Os Estados Unidos geraram o terror no mundo, sempre, não há nenhum conflito armado da história nos últimos cem anos que não houvesse uma participação direta dos EUA”, afirma Chamorro.

Confira abaixo a íntegra da entrevista:

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