TENSÃO FABRICADA

Suposta fraude eleitoral na Bolívia virou desculpa para vale-tudo, afirma TV russa

Apresentadora de canal em espanhol leu relatório final da OEA sobre eleição de 20 de outubro e aponta manipulações do golpe contra Evo Morales

Senado da Bolívia / reprodução
Senado da Bolívia / reprodução
A autoproclamada Jeanine Áñez, em lugar de se limitar a convocar novas eleições, dedica-se a tomar decisões de fundo, como se fosse uma presidenta eleita com cinco anos de mandato. No detalhe, a apresentadora russa

São Paulo – As denúncias de fraude eleitoral nas eleições da Bolívia se converteram na justificativa ideal para tudo o que acontece desde a deposição de Evo Morales. É o que avalia a apresentadora do canal Ahí les Va, Inna Afinogenov, na emissora russa RT em Espanhol, em vídeo divulgado nesta segunda-feira (16) sobre o relatório final da Organização dos Estados Americanos (OEA), que avaliou o processo eleitoral de 20 de outubro, quando Morales teria sido eleito para seu quarto mandato.

“Que polícia e Exército mataram mais de 30 pessoas? Ok, ok, mas é que Evo não deveria ter concorrido. Que a presidente de fato se autoproclamou em um parlamento semi-vazio? Ah, tudo bem, mas o negócio é que a contagem rápida parou em 84%”, afirma a apresentadora, referindo-se ao Trep, sistema de contagem rápida no processo eleitoral boliviano, um recurso que serve para permitir resultados aproximados antes da conclusão do escrutínio final.

Havendo diferenças amplas detectadas pelo Trep, não se tem de esperar um processo definitivo que pode ser lento para declarar um ganhador. É ainda uma ferramenta destinada a prevenir situações de tensão. “Mas neste caso, o Trep foi usado para criar a situação de tensão”, diz a apresentadora.

“Que Jeanine Áñez, em lugar de se limitar a convocar novas eleições, dedica-se a tomar decisões de fundo, como se fosse uma presidenta eleita com cinco anos de mandato? Mas é que os últimos votos da eleição favoreciam muito Morales”, ironiza a apresentadora. “A suposta fraude eleitoral denunciada pelo secretário geral da OEA, Luis Almagro, foi convertida na desculpa perfeita para o vale-tudo na Bolívia”, afirma ainda Inna Afinogenov.

“O detalhe é que o informe final do organismo, mais que dúvidas, as confirma. Desde o início se publicaram vários estudos duvidando da metodologia da OEA na auditoria das eleições. Mas como eu gosto de duvidar por mim mesma, e não duvidar porque os outros duvidam, fiz um grande esforço, de quase 100 páginas, e li o relatório”, afirma. “E a primeira coisa que chama atenção é que a maioria do informe se concentra no sistema de contagem rápida, o chamado de ‘Trep’, que não tem validade legal.”

Confira o vídeo

 

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