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Bolsonaro mantém decisão de não enviar representante à posse de presidente argentino

Postura do presidente reforça imagem do Brasil de piada na diplomacia internacional, avalia analista de relações internacionais

Eleições na Argentina
Eleições na Argentina
Alberto Fernández (à frente) toma posse amanhã como novo presidente da Argentina, após 4 anos de fracasso neoliberal

São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro decidiu não enviar representantes à posse do presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández, nesta terça-feira (10). O ministro da Cidadania, Osmar Terra, estava escalado, mas o presidente cancelou a viagem por ter ficado contrariado com a visita do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e uma comitiva de parlamentares a Fernández, semana passada. Para o analista de relações internacionais Amauri Chamorro, a postura do presidente brasileiro serve apenas para reforçar a imagem de piada da diplomacia internacional, adquirida e reforçada desde a posse de Bolsonaro, mas não deve prejudicar as relações econômicas.

“O Brasil é visto como uma piada em relações internacionais no exterior, as pessoas dão risada. Isso eu vejo da minha relação com membros da diplomacia de outros países. Um país que tem um ministro das Relações Exteriores que defende o terraplanismo não tem credibilidade no mundo. Essa atitude só diminui a projeção de um país que é essencial para o planeta. Há uma tensão diplomática que afeta relações comerciais de ambos os países. Mas eu não acredito que as elites econômicas vão permitir que seus negócios sejam afetados por esse tipo de barbaridade cometida pelo Bolsonaro”, disse Chamorro, em entrevista à Rádio Brasil Atual.

O analista avalia que a vitória de Fernandez, que tem a ex-presidenta Cristina Kirchner como vice, é importante nesse momento da América Latina quando, por exemplo, a Bolívia sofre um golpe de Estado e outros países vivem intensas manifestações. “Fernandez falou que não está isolado. Na verdade, a relação dele é com os povos dos países que não aceitam o modelo econômico neoliberal. Por exemplo, o povo boliviano que está na rua ainda, apesar da autocensura dos meios de comunicação internacionais e bolivianos. Há uma mobilização social tremenda nas ruas. A mesma coisa acontece no Chile, a mesma coisa aconteceu no Equador”, explicou.

Chamorro destacou, no entanto, que a tarefa do novo presidente argentino não é fácil, já que precisa tirar o país de uma grave crise econômica e enfrentar “uma região de presidentes nefastos, que de alguma forma atuam como ditadores”. “Hoje, 40% das crianças argentinas vive na pobreza, uma coisa que não acontecia há quatro anos atrás. A qualidade de vida e o desgaste econômico do país em quatro anos (de governo Mauricio Macri) é uma coisa jamais vista, inclusive, internacionalmente. Nunca se viu um país que tivesse as condições de desenvolvimento humano e de inclusão econômica e social que em quatro anos caísse da maneira como (a Argentina) caiu”, afirmou.

Confira a entrevista completa

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