Violência institucional

Polícia boliviana agride senadora e impede entrada de parlamentares pró-Evo no Congresso

Adriana Salvatierra, presidenta do Senado até o golpe, não conseguiu ingressar na Casa

arquivo/mas
arquivo/mas
Salvatierra é uma liderança política jovem e promissora; chegou a ser considerada uma "herdeira" da liderança popular de Evo Morales

São Paulo – A polícia boliviana agrediu a senadora Adriana Salvatierra, forçada a renunciar durante o processo golpista que culminou na deposição de Evo Morales, e a impediu de entrar na sede do Legislativo. “Estas são as provas de que este é um golpe de Estado”, afirmou à imprensa após o episódio, ainda fora do parlamento. “Somos parlamentares, precisamos entrar em nosso lugar de trabalho e ter as reuniões correspondentes.”

Adriana é uma liderança política jovem e promissora, chegou a ser considerada uma herdeira da liderança popular de Evo Morales. A senadora, mesmo abdicando de seu cargo como presidenta da Casa, não renunciou a seu mandato. Se o cenário não fosse de ruptura democrática, ela estaria na linha de sucessão para governar o país, mesmo que obrigada a convocar novas eleições em 90 dias em caso de vacância, de acordo com a Constituição boliviana.

Mesmo assim, foi impedida de entrar no Parlamento, hoje comandado por Jeanine Añez, segunda presidenta da Casa. De origem branca e da elite boliviana, a senadora se autoproclamou presidenta na noite de ontem (13), em uma sessão sem quórum. Seu partido sequer configurou entre os mais votados nas últimas eleições.

“Simplesmente estava entrando para a reunião de parlamentares. Entendo a situação da Assembleia Legislativa Plurinacional. Estão impedindo a entrada de parlamentares. As mulheres estão particularmente sendo agredidas. Acreditamos que isso é parte dos ataques contra o MAS do movimento golpista. Temos uma inexistência de garantias para trabalharmos com tranquilidade no Parlamento”, disse Adriana.

O acesso ao público também está restrito, informou a senadora. “Pedimos garantia de acesso ao parlamento para a sociedade, para os servidores públicos. Esta é uma amostra clara da violência que se instalou na Bolívia. Ontem, instalaram uma sessão ilegal, não tiveram quórum de senadores ou deputados. Esse exercício violento se complementa com a violência física. Nós queremos paz para a Bolívia. Esta paz não virá sem garantia para parlamentares e cidadãos”, completou.

Protestos

A rotina das principais cidades bolivianas, desde o golpe de Estado, é de levante dos setores populares. Nesta quarta-feira, não foi diferente. Professores, camponeses e diferentes setores populares se reuniram nas ruas de La Paz para exigir a renúncia do governo autoproclamado.

Além de La Paz, outros pontos do país se mobilizam, como El Alto, que representa um forte polo de resistência, já que concentra uma parcela da população trabalhadora mais pobre. Nas manifestações, críticas à elite boliviana, representada, especialmente, pelas lideranças de Luis Fernando Camacho e Marco Pumari, de Santa Cruz e Potosí, respectivamente.

Leia também

Últimas notícias