golpe continua

Governador boliviano é impedido por golpistas de entrar na sede do governo

Recém-eleito para governar departamento de Beni, o indígena Fanor Amapo não pôde cumprir suas funções

UNITEL/REPRODUÇÃO
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Fanor Amapo, da bancada indígena, foi eleito governador interino de Beni com o voto de 18 legisladores, nesta quarta-feira (14), depois que o plenário aceitou a renúncia irrevogável de Alex Ferrier

São Paulo – O novo governador indígena do departamento de Beni, Fanor Amapo, informou que grupos violentos ligados aos golpistas que derrubaram o presidente Evo Morales, impediram seu acesso às instalações do governo, nesta quinta-feira (14). Amapo lamentou a ação que o proibiu de cumprir suas funções como autoridade interina da região.

Fanor Amapo, da bancada indígena, foi eleito governador interino de Beni com o voto de 18 legisladores, nesta quarta-feira (14), depois que o plenário aceitou a renúncia irrevogável de Alex Ferrier, do Movimento ao Socialismo (MAS). Ele pediu a promoção de diálogo pela paz e pela redução da tensão no território e na província.

“Há manifestantes que não me permitem entrar na província, não estão me dando o direito de assumir minha responsabilidade. Eu represento um povo indígena e fui eleito governador interino”, disse Amapo, em entrevista ao teleSUR.

A presidente do Senado, Adriana Salvatierra, também denunciou que líderes do partido do governo foram pressionados por grupos violentos a renunciarem a seus deveres. A senadora foi agredida pela polícia boliviana, que na quarta (13) tentou impedir a entrada dela na Casa.

A senadora, mesmo abdicando de seu cargo como presidenta, não renunciou a seu mandato. Ainda assim, foi impedida de entrar no Parlamento, hoje comandado por Jeanine Añez, segunda presidenta da Casa. De origem branca e da elite boliviana, a senadora se autoproclamou presidenta da República na noite de terça (12), em uma sessão sem quórum. Seu partido sequer configurou entre os mais votados nas últimas eleições.

Câmara dos Deputados

Sergio Choque, líder da maioria do MAS, foi escolhido na madrugada de hoje presidente da Câmara dos Deputados. A Câmara era presidida por Víctor Borda até o último domingo (10), mas o político foi um dos que renunciou, na derrubada de toda a linha sucessória do país. Borda teve sua casa, localizada na cidade de Potosí, incendiada por manifestantes no final de semana.

Dos 130 deputados na atual legislatura, o MAS conta com 88, que elegeram Choque como presidente da Câmara. O novo líder garantiu, no entanto, que conta com o apoio de uma integrante da oposição, Inés López, da Unidad Democrática (UD). Ele também denunciou “o mundo que os direitos fundamentais estão sendo violados, o direito à liberdade de expressão, à vida e à educação, direitos que foram violados por este golpe em cumplicidade com a Polícia e as Forças Armadas”.

Evo Morales anunciou sua renúncia no último domingo (10). Ele havia anunciado pela manhã a convocação de novas eleições presidenciais no país, mas a oposição não aceitou disputar um novo pleito com a participação dele. As Forças Armadas e o comandante-geral da polícia se uniram aos opositores e forçaram a renúncia.

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