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Eleições no Uruguai colocam em jogo 15 anos de desenvolvimento e igualdade

País mais igualitário da América do Sul, o Uruguai vive há 15 anos sob comando da Frente Ampla, de esquerda. Debate pode ser decisivo para eleitores indecisos

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Martínez (esq.) é desafiado pelo opositor direitista Lacalle Pou

São Paulo – Diferentes veículos de comunicação uruguaios se preparam para realizar na noite de hoje (1º) o primeiro debate entre candidatos à presidência em 25 anos. Durante este período, as emissoras preferiram a realização de entrevistas. Em jogo, estão duas visões políticas que disputam em todo o continente. De um lado, 15 anos de governos da esquerda reunida no partido Frente Ampla, representada neste pleito por Daniel Martínez. Do outro, o favorito da direita, pelo Partido Nacional, Luiz Lacalle Pou. As eleições estão marcadas para o próximo dia 27.

As pesquisas apontam para uma disputa acirrada, com vantagem para o opositor Lacalle Pou. Mais ligado ao mercado, é comum a comparação dele com o presidente da Argentina, Maurício Macri, que deve ser derrotado nas próximas eleições. Sobre a agenda social, mesmo se apresentando como moderado, o nacionalista possui em seu partido uma forte bancada evangélica, e ele não descarta aliança com o partido de extrema-direita Cabildo Aberto, do militar admirador de Jair Bolsonaro Manini Ríos.

Cenário nebuloso

Em entrevista para o portal uruguaio Nodal, Martínez critica a postura de seus adversários. “Para a direita uruguaia, a Argentina de Macri é um paraíso”, disse. Durante seu mandato, Macri conduziu a economia argentina à ruína. Com taxas de juros beirando os 80%, inflação acima dos 50% ao ano e mais de 30% do povo na pobreza, o macrismo revelou o fracasso das reformas neoliberais no país.

Martínez luta para defender o legado de seu partido, que teve como líderes o ex-presidente, hoje senador, José Pepe Mujica, e o atual presidente Tabaré Vázquez. “Quinze anos de governo desgastam qualquer um (…) Mas nós levamos 15 anos de crescimento contínuo, o Uruguai passou bons tempos de crescimento e, sem dúvidas, tivemos uma distribuição de riquezas inédita. Somos o país mais igualitário da América Latina; o salário real cresceu 60%; a pobreza abaixou de 34% para 8%; universalizamos a saúde; elevamos o PIB em 80%”, disse.

A Frente Ampla aposta nos bons resultados alcançados nos 15 anos de governo e no fracasso de Macri na Argentina. No país vizinho, as pesquisas apontam para uma vitória elástica no final do ano do kirchnerista Alberto Fernández, que conta com Cristina Kirchner como sua vice. O campo de disputa está no eleitorado menos politizado, que vinha apoiando a centro-esquerda. De acordo com pesquisas eleitorais, 30% dos eleitores não se identificam com nenhum partido. Por esta razão, o debate de hoje carrega grande importância.

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