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Chile: sindicatos convocam greve geral contra neoliberalismo de Piñera

Paralisação vem em meio aos protestos massivos que tomam as ruas do país latino-americano após o aumento da tarifa do metrô na última semana

Giorgio Ronna/Folhpress
Giorgio Ronna/Folhpress
Milhares marcham em direção à Plaza Italia, na capital chilena, para mais uma manifestação contra o governo, mesmo após a revogação do aumento da passagem no transporte público

São Paulo – Centrais sindicais, movimentos populares e organizações estudantis do Chile anunciaram nesta terça-feira (22) a convocação de uma greve geral entre os dias 23 e 24 de outubro contra o governo neoliberal do presidente Sebastián Piñera. A paralisação vem em meio aos protestos massivos que tomam as ruas do país latino-americano desde a última semana, após o aumento da tarifa do metrô.

Em comunicado, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Chile afirmou que a greve geral “é o maior instrumento que os trabalhadores têm para a defesa de nossos interesses”. Segundo a organização, estão previstas “marchas desde 10h30, orientadas pela massividade, ordenadas, pacíficas e com bandeiras sindicais”.

Por sua vez, o comunicado emitido pela Unidade Social, conglomerado que reúne mais de 50 movimentos populares, afirmou que a paralisação reivindica “a imediata suspensão do estado de emergência e o retorno dos militares aos quartéis”.

Os movimentos ainda exigem a realização de uma “Assembleia Nacional Constituinte para que se elabore participativamente um novo marco estrutural da sociedade chilena […] que coloque fim ao atual modelo neoliberal e abusivo”.

Em comunicado conjunto, as organizações envolvidas na mobilização caracterizam esta como a “maior crise política e social desde a saída da ditadura militar”.

“As organizações sindicais presentes, em reunião de urgência, demandamos ao governo restituir a institucionalidade democrática que, em primeiro lugar, significa suspender o estado de emergência”, afirmam.

Entre as mais de 100 organizações comprometidas com a convocação, integram o movimento a Associação Nacional de Empregados Fiscais, Confederação Coordenadora de Sindicatos do Comércio e Serviços Financeiros, Confederação Bancária e Sindicato dos Professores.

Repressão

Na última semana, o presidente Sebastián Piñera, acuado devido aos protestos contra o aumento na tarifa do metrô, decretou estado de emergência que desencadeou uma repressão violenta das forças de seguranças contra os manifestantes no país.

Nesta segunda-feira, o mandatário chegou a dizer que o país está “em guerra” contra um “inimigo poderoso e implacável”.

Nesta terça-feira, o Chile entra no 4º dia consecutivo com toque de recolher nas principais cidades do país. Segundo o governo, o saldo da repressão já é de 15 mortes.

De acordo com o Instituto Nacional de Direitos Humanos (INDH) do Chile, o número de pessoas detidas é de 1.601, das quais 758 foram presas somente na capital do país.

O instituto contabilizou que 231 pessoas foram feridas e mortas. Segundo o órgão, 123 pessoas foram feridas por arma de fogo e 5 foram vítimas fatais após ações policiais. O INDH ainda afirmou que três casos de violência sexual foram relatados durante os protestos.

Os protestos começaram por causa de um aumento de 30 pesos (R$ 0,20) no preço das passagens de metrô, já suspenso pelo governo, mas também miram a desigualdade econômica e o sistema de aposentadorias do país.

As Forças Armadas também ocuparam locais considerados “estratégicos”, como a área em torno de postes de alta tensão, plantas de água potável, aeroportos e portos, em que pese a situação caótica enfrentada pelos passageiros que chegaram neste final de semana ao aeroporto Arturo Merino Benítez, em Santiago, a principal porta de entrada no país. Há relatos de pessoas que precisaram dormir no local por causa do toque de recolher.

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