Programa modelo

Candidato na Argentina lança plano inspirado no Fome Zero, de Lula

Alberto Fernández, que lidera as pesquisas de intenção de voto tendo como vice a ex-presidenta Cristina Kirchner, propõe medidas para erradicar a fome de 15 milhões de pessoas pobres

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Expectativa é que o Argentina Contra a Fome consiga resultados como no Brasil, que reduziu pobreza extrema em 75% entre 2001 e 2012

São Paulo – O candidato à presidência da Argentina Alberto Fernández apresentou nesta segunda-feira (7) o plano Argentina Contra a Fome, que visa acabar com o deficiência alimentar que atinge 15 milhões de pessoas pobres, de acordo com dados do Observatório de Dívida Social da Universidade Católica da Argentina (UCA).

A proposta é inspirada no programa Fome Zero, implementado no início do primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, que se tornou referência internacional por ter retirado o Brasil do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU), interferindo ainda sobre a redução da pobreza extrema em 75% entre 2001 e 2012, mas hoje em um cenário de retrocesso desde 2016 com os cortes em programas sociais.

O presidenciável aposta agora no plano brasileiro para assegurar o potencial agropecuário da Argentina, que segundo ele, poderia alimentar 400 milhões de pessoas. A meta é garantir o acesso à cesta básica de produtos, melhorar a alimentação da população, erradicar a desnutrição e criar uma articulação entre governo federal e outros setores para a baixa no preço dos alimentos, favorecendo a manutenção de uma cadeia de produção e consumo sustentável. Hoje, ainda de acordo com levantamento recente da UCA, 35,4% dos argentinos vivem na pobreza, além de 7,7% da população serem indigentes.

Favorito nas pesquisas de intenção de voto para as eleições no próximo dia 27 de outubro, Fernández, que tem como vice-presidente em sua chapa a ex-presidenta Cristina Kirchner, quer implementar o programa Argentina Contra a Fome já no dia seguinte à posse, que ocorre no dia 10 de dezembro. Pelo Twitter, o presidenciável explicou que não se trata apenas de uma política de governo, mas de Estado. “Para terminar de uma vez com a vergonha de não podermos alimentar nossa gente.”

De acordo com o site de notícias argentino Página 12, o plano, lançado em evento na Faculdade de Agronomia da Universidade de Buenos Aires, quer unir diversos setores da sociedade como universidades, empresários, sindicatos e igrejas, para elaboração de um conselho que aporte recursos e esteja em diálogo direto com à presidência. O conselho também será responsável por dar seguimento ao plano contra a fome, que deve contar ainda com um cartão de alimentação para a população de baixa renda ter acesso aos produtos da cesta básica subsidiados pelo governo ou com descontos nos próprios estabelecimentos.

O plano também pretende estabelecer cotas de espaços nos supermercados, a chamada Lei das Prateleiras, a ideia é que o governo aprove uma lei para que nenhuma empresa tenha mais de 30% de seus produtos nas gôndolas, a fim de evitar monopólios e incentivar aqueles que cobrarem um valor menor sobre os produtos. O programa do candidato também estabelece uma política nutricional para avaliar a qualidade dos alimentos que as crianças consomem e tornar o Argentina Contra Fome um programa federal com a integração de todos os municípios.

Reportagem da Folha de São Paulo lembra também que já há na Argentina programas sociais desenvolvidos durante o governo de Cristina Kirchner, mas que na atual gestão de Maurício Macri sofreram cortes para que o país conseguisse arcar com as dívidas do Fundo Monetário Internacional (FMI). Se Fernández confirmar a liderança, assumirá ainda um país com problemas econômicos em decorrência de uma política neoliberal.

 

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