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Ataques na Arábia Saudita chamam a atenção para ‘guerra esquecida’ no Iêmen

Especialista em Relações Internacionais, Giorgio Romano não acredita em escalada do conflito na região e apela para fim da violência contra grupo iemenita

reprodução/TELESUR
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Bloqueio de alimentos e medicamentos levou à radicalização das ações contra a Arábia Saudita, segundo analista

São Paulo – Rebeldes houthis do Iêmen reivindicaram um ataque com drones às duas principais refinarias de petróleo da Arábia Saudita. Ocorridos no último sábado, os ataques obrigaram os sauditas a reduzirem em 50% a sua produção de petróleo e gás. O país responde por cerca de 10% da produção mundial. Nesta segunda-feira (16), o preço do barril de petróleo chegou a disparar 20% em Londres, a maior alta desde a Guerra do Golfo, em 1991, alcançando a cotação de US$ 72. Ainda durante a manhã, os preços haviam cedido, mas estavam cerca de 10% maiores do que os registrados na sexta-feira (13), antes do ataque.

Os houthis são xiitas, e lutam há quatro anos por autonomia e liberdade contra um governo sunita apoiado pela Arábia Saudita, que utiliza armamentos comprados dos Estados Unidos. O presidente dos Estados Unidos Donald Trump, afirmou, pelo Twitter, que os EUA estão “prontos para disparar” com o objetivo de defender as reservas sauditas. Um alto funcionário da administração Trump afirmou à rede que os ataques partiram do Irã, que apoia os houthis.

Segundo o professor de Relações Internacionais e Economia da Universidade Federal do ABC (UFABC) Giorgio Romano, os ataques chamam a atenção para uma “guerra esquecida”, que já dura quatro anos, e tem provocado uma crise humanitária de grandes proporções no Iêmen. A Arábia Saudita vem bloqueando os portos do país, impedindo a entrada de alimentos e de medicamentos.

“Do ponto de vista do ataque, chama muito a atenção o uso de drones contra instalações estratégicas. Também chama a atenção a precisão, que atingiu o coração da produção do país. Desmobilizou 50% da produção da Arábia Saudita, que corresponde a 5% da produção mundial. Isso mostra para onde vai o novo tipo de guerra. As guerras de precisão não são mais um privilégio apenas dos Estados Unidos, que fizeram uso dessa tecnologia no Afeganistão e no Iraque. É uma tecnologia agora disponível a outros grupos”, afirmou Romano em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, para o Jornal Brasil Atual, nesta segunda-feira (16).

Ele diz que uma uma guerra de grandes proporções não interessa aos Estados Unidos nem ao Irã. “A única solução é os Estados Unidos e a Inglaterra começarem a convencer a Arábia Saudita que não há como ganhar essa guerra. A única solução, portanto, é um acordo de paz”, disse o analista, membro do grupo Reflexão sobre Relações Internacionais (GR-RI).

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