tensão e medo

Ampla crise humanitária afeta Burkina Faso, no oeste da África

Conflitos étnicos que começaram no vizinho do norte, Mali, atingem mais de 1,5 milhão de pessoas no país. "Crise interna sem precedentes"

reprodução/tv al jazeera
reprodução/tv al jazeera
Nos últimos dois meses, o número de afetados dobrou e 70 mil pessoas foram obrigadas a deixar suas casas

São Paulo – Mais de 1,5 milhão de pessoas em Burkina Faso, país do oeste africano, estão sem acesso a alimentos, medicamentos e, em alguns casos, até mesmo a água potável. A crise humanitária explodiu durante os últimos dias, graças a um conflito na região. Rebeldes vêm atacando exércitos de governos locais, matando centenas e afetando o abastecimento. Entidades de direitos humanos alertam para uma “crise humanitária sem precedentes”.

O país é um dos mais pobres do mundo. O conflito local se estende desde 2015, e tem origem no vizinho do norte, Mali. A capital do país, Ouagadougou, já foi alvo de diversos ataques. Contudo, as zonas de maior conflito estão mais ao norte. De acordo com a ONU e a Cruz Vermelha, 300 mil pessoas já deixaram suas casas na região nesses quatro anos. Meio milhão encontram-se sem nenhuma assistência médica.

Os conflitos possuem origem em disputas étnicas. Diferentes grupos não aceitam governos estabelecidos muitas vezes durante o período de colonização europeia. A situação se deteriorou ainda mais com a saída do ditador Baise Compaoré, em 2014. Ele estava no poder desde 1987.

“O país está vivendo uma crise interna sem precedentes. Nos últimos dois meses, o número de afetados dobrou e 70 mil pessoas foram obrigadas a deixar suas casas. As pessoas precisam de assistência direta. Existe um apelo sendo feito por ajuda internacional”, afirmou a coordenadora das Nações Unidas no país, Metsi Makhetha, em entrevista para a Al Jazeera. Além das ajudas humanitárias básicas, Metsi lembra que o problema ainda deve ser tratado no ambiente político, para frear a escalada da violência.

A correspondente da Al Jazeera Catherine Soi afirmou, da cidade de Kaya, no norte de Burkina Faso, que é possível sentir a tensão e o medo. “De fato, encontramos muitas pessoas se preparando para deixar suas casas e a área por conta de ataques em vilas próximas. Quanto mais ao norte, mais violento. O governo enviou tropas para a área, mas eles estão defasados, já que se trata de um amplo território.”

Leia também

Últimas notícias