Lei da imigração é ‘assassina’, diz brasileira eleita para o parlamento espanhol

O Jornal Brasil atual conversou com a jurista brasileira Maria Dantas, ativista social eleita ao Parlamento da Espanha sobre seu mandato no parlamento espanhol

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Maria Dantas (foto) antecipa mandato em prol direitos humanos e ao reconhecimento das minorias sociais

São Paulo – O Jornal Brasil atual conversou com a jurista brasileira Maria Dantas, ativista social designada ao Parlamento da Espanha sobre seu mandato no Congresso espanhol. É a primeira vez que uma brasileira é eleita para ocupar uma vaga no parlamento. 

Maria Dantas, 50 anos, é de uma família sergipana de origem humilde. É formada em Direito pela Universidade Federal de Sergipe, e depois de anos como delegada adjunta da Polícia Civil, chegou a Barcelona, há 25 anos, onde se naturalizou, para realizar estudos em Direito Ambiental.

Hoje colhendo os frutos dos seus esforços como migrante, a agora representante da Esquerda Republicana da Catalunha, desde domingo (28), Maria reconhece uma trajetória marcada por riscos, preconceitos e pelo trabalho informal tão comuns aos que tentam a vida fora de seus países de origem, mas que ameniza por ser uma mulher branca. “Muitas amigas minhas que são negras, descendentes indígenas, passam o mesmo que eu passei naquela época, porém, acrescentando o racismo”, descreve à jornalista Marilu Cabanãs. 

“Meu caso, eu acho que está surpreendendo muito o Brasil, mas é normal. Eu sou uma a mais, eu não sou a Maria, eu sou uma das diversas Marias que têm no mundo inteiro, que migram e vão buscar um mundo melhor”, acrescenta a parlamentar. Ainda assim, toda essa trajetória a estimulou em sua militância política, ligada aos movimentos sociais e que devem pautar um mandato em prol dos direitos humanos e do reconhecimento das chamadas minorias.

“É para lutar contra todas essas violações de direitos, Lei de Estrangeiros, da imigração, que é uma lei racista, assassina, que mata muita gente no sul da Espanha”, afirma Maria entre pautas também voltadas às mulheres e à população LGBTI.

Mas não é apenas a experiência como mulher migrante que deve mobilizar o mandato de Maria. Contrária ao governo de Jair Bolsonaro e admiradora do legado da vereadora Marielle Franco, a parlamentar antecipa que o cenário brasileiro terá respaldo em seu governo. “Em cada entrevista que eu faço, eu mando um recado para o capitão Bolsonaro, de que a Marielle vive hoje e sempre, e falta de Marielle será e estará sempre presente, porque são causas universais, de direitos humanos, antirracistas, importantes para a convivência e busca da paz”.

Outro embate já aguardado pela parlamentar dá conta do processo pela independência da Catalunha, que ganha mídia desde 2017 em todo o mundo e, no qual, Maria defende a criação de um referendo para que a população local possa tomar a decisão sobre a região, como é do anseio dos catalães, de acordo com a parlamentar.

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