cenário nebuloso

Venezuela denuncia tentativa de golpe dos Estados Unidos e prende rebeldes

Após o Parlamento do país, controlado pela oposição, dar anistia a militares rebeldes, grupo se insurge, mas é detido pelo governo. Suprema Corte decretou nulidade dos atos da Assembleia

vtv/telesur

‘Querem guerra na Venezuela, mas isso não vai acontecer’, afirma chanceler

São Paulo – Autoridades venezuelanas denunciam tentativas de golpes de Estado no país após a reeleição do presidente Nicolás Maduro. Os agentes da desestabilização seriam os integrantes da oposição, que contam com adesão de parte do empresariado do país, além da maioria na Assembleia Nacional, o Parlamento local. Hoje (21), a Suprema Corte decretou nulidade de ações do Parlamento, que havia rejeitado o resultado das eleições após boicotar o processo eleitoral do ano passado.

Ao rejeitar o resultado das eleições, a oposição venezuelana declarou que o presidente da Casa, Juan Guaidó, seria o presidente de fato, e decretou anistia para militares que se rebelassem contra Maduro. O posicionamento encontrou eco em parte da comunidade internacional, como no governo de extrema-direita brasileiro de Jair Bolsonaro (PSL), e nos Estados Unidos, que declararam apoio. Para o chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, é evidente envolvimento de forças estrangeiras no avanço golpista.

“Veja esse homem, na Venezuela, se você pergunta nas ruas quem é Juan Guaidó, ninguém o conhece. Mas ele está sendo pressionado para dizer que é o novo presidente, pelos Estados Unidos. Ele mesmo não disse isso, mas Pompeo (Mike Pompeo, secretário de Estado norte-americano) sim. Estão convocando as forças armadas para se pronunciarem contra o presidente Maduro. É isso que eles querem, um golpe de Estado na Venezuela. Querem guerra na Venezuela, mas isso não vai acontecer”, disse Arreaza ao portal Venezuelanalysis.

Ontem, um grupo de militares se rebelou contra o governo de Maduro. Chegaram a anunciar o controle de parte da capital, Caracas. Entretanto, na madrugada de hoje, as forças armadas anunciaram a captura e prisão dos amotinados. “A Força Armada Nacional Bolivariana rechaça categoricamente esse tipo de ato que, certamente, está sendo motivado por interesses ocultos da extrema-direita e são contrários às normas elementares da disciplina militar, da honra e das tradições da nossa instituição”, disse o Ministério da defesa, em nota.

As forças ocultas a que o governo se refere seriam os interesses dos Estados Unidos e seus governos aliados, como o Brasil. “Eles são os chefes da oposição. Eles ordenam as ações. Nada que a oposição faça, acontece sem a permissão e autorização do Departamento de Estado, em última instância, dos Estados Unidos. Eles confessam isso (…) Isso acontece, eles não são livres ou independentes”, completa Arreaza.

Em dezembro, Maduro fez discurso alertando sobre um possível golpe que estaria sendo orquestrado pelo ultraconservador John Bolton – que trabalha ao lado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como conselheiro de Segurança Nacional. “Venho novamente denunciar o roteiro dos Estados Unidos para destruir a democracia venezuelana, me assassinar, e impor aqui uma ditadura. Bolton está assinando como roteirista para afundar a Venezuela em violência”, disse Maduro.

Bolton acusa, especialmente via Twitter, a Venezuela de fazer parte de uma “troika de tirania”, ao lado de Cuba e Nicarágua. Para Arreaza, o conselheiro de Trump tem obsessão com democracias latino-americanas que mostram independência dos Estados Unidos. “Essa linguagem dele é reminiscente da Guerra Fria – Nixon, McCarthy, toda aquela história sombria – e não faz sentido. Estamos no século 21 e temos que respeitar nações soberanas. Temos o direito de construir nosso próprio modelo de democracia”, afirma.

Arreaza ainda afirma que o atentado contra Maduro no dia 4 de agosto do ano passado foi orquestrado por norte-americanos. “Especialmente a obsessão de Bolton contra Maduro está por trás de tudo que está acontecendo na Venezuela. Sim, eles quase mataram o presidente Maduro com drones naquele sábado em frente ao Palácio de Justiça (…) De repente apareceram drones e eles explodiram.”

O chanceler classifica a democracia venezuelana como um modelo de sucesso. “Eles dizem que querem restabelecer a democracia na Venezuela. Nós somos uma democracia. Tivemos 25 eleições em 20 anos. Tivemos eleições presidenciais em 1998, 2000, 2004, 2006, 2009, 2012, 2013, 2018. Nossa sociedade está organizada em conselhos municipais e comunas, onde os cidadãos podem tomar decisões. Todo dia, os venezuelanos exercem a democracia. Temos o acesso à educação democratizado, o que era restrito e privatizado antes da revolução. Democratizamos o acesso à moradia, que era exclusividade dos ricos. Democratizamos o acesso à saúde. É isso que eles não gostam, não é o que eles imaginam para países da América Latina”, finaliza.

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