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Trump assina decreto que estabelece construção de muro na fronteira com o México

Magnata segue afirmando que mexicanos arcarão com os custos. Presidente Peña Nieto reage e diz que não vai pagar: 'México não acredita em muros'

Divulgação/Agência Lusa

Muro pretendido por Trump teria 3.200 quilômetros de extensão, sendo que 1.046 km seriam cobertos por cercas

São Paulo – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou ontem (25) um decreto que destina verbas federais para a construção de um muro na fronteira com o México, a mais controversa e contestada de suas promessas de campanha. A assinatura da ordem executiva aconteceu durante uma cerimônia realizada na sede do Departamento de Segurança Nacional (DNS, na sigla em inglês), em Washington.

Além da construção do muro, o decreto também estabelece a criação de novos centros de detenção para migrantes não autorizados na fronteira entre os dois países e a reativação de um programa federal para agilizar deportações. “Falamos disso desde o começo”, disse Trump no momento da assinatura.

Segundo o jornal mexicano La Jornada, o ministro de Relações Exteriores do México, Luis Videgaray, está em Washington para sua primeira reunião com o novo governo dos Estados Unidos. O primeiro encontro entre o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, e Trump após sua posse está marcado para a próxima terça-feira (31), mas pode não ocorrer, por pressões internas dos mexicanos.

Trump: custo do muro será “reembolsado pelo México”

Também nesta quarta-feira (25), a emissora norte-americana ABC levou ao ar a primeira entrevista do presidente após sua posse, que aconteceu na última sexta-feira (20). Na conversa, Trump afirmou que a construção do muro na fronteira com o México começará “em meses” e que seu planejamento se dará “imediatamente”.

“O mais breve possível, o quão breve possamos fazê-lo fisicamente”, disse o republicano. “Diria que em meses, sim. Eu diria que em meses, certamente o planejamento vai começar imediatamente”, ressaltou.

O recém-empossado presidente reiterou que, “em última instância”, o custo do muro será “reembolsado pelo México”, e esse pagamento representará “100%” do custo da construção. Trump confirmou que o governo dos Estados Unidos adiantará o dinheiro necessário para iniciar a construção, mas depois os mexicanos vão restituí-lo.

“Tudo será reembolsado em uma data posterior com qualquer transação que façamos com o México. Só digo que haverá um pagamento, que acontecerá de alguma forma, talvez uma forma complicada. O que estou fazendo é bom para os Estados Unidos, também vai ser bom para o México. Um México muito estável e muito sólido”, declarou.

Perguntado sobre a recusa de Peña Nieto de pagar a conta do muro, Trump respondeu que o presidente mexicano não poderia dizer outra coisa. “Ele tem que dizer isso, tem que dizer isso”, justificou.

México responde

O presidente do México reafirmou que seu país não pagará pelo muro que o norte-americano Donald Trump ordenou que seja construído na fronteira. A informação é da Agência Ansa.

Em mensagem divulgada em rede nacional logo após Trump assinar o decreto que autoriza a construção do muro – uma das promessas de campanha mais controversas do magnata republicano –, Peña Nieto exigiu “respeito” dos Estados Unidos com o México, “uma nação soberana”.

“Lamento a decisão dos Estados Unidos de continuar a construção de um muro que, em vez de nos unir, divide”, afirmou o mexicano, criticando o presidente norte-americano. “O México não acredita em muros, disse isso mais de uma vez. O México não pagará por nenhum muro”, rebateu Peña Nieto. O presidente mexicano anunciou que “analisará os próximos passos que tomará”, baseando-se no resultado de reuniões de alto nível que devem ocorrer nos próximos dias em Washington com representantes dos dois governos.

Trump já ameaçou confiscar remessas de mexicanos que vivem nos Estados Unidos, caso o país vizinho se nege a pagar pela obra. O muro teria 3.200 quilômetros de extensão, sendo 1.046 quilômetros cobertos por cercas. A barreira passaria por Matamoros, Ciudad Juarez, El Paso e Tijuana.

Com informações da Agência Brasil e do Opera Mundi