Idade Média

Muro de Trump também é contra brasileiros e latino-americanos, diz Vannuchi

Analista político prevê direitos humanos em risco durante governo Trump, mas lembra que muro na fronteira com o México começou a ser construído durante o governo democrata de Clinton

reprodução/Casa Branca

“É uma questão civilizatória. A humanidade não pode ir para essa pior ficção, de um mundo em guerra”

São Paulo – Para o cientista político Paulo Vannuchi, a chegada de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos marca um período preocupante de ameaças aos direitos humanos, com ataques aos direitos das mulheres, dos imigrantes, LGBT e minorias. Sobre a proposta de construção de muro na fronteira com o México, ele diz, em comentário na Rádio Brasil Atual, que não é apenas contra mexicanos, mas contra todos os latino-americanos. “Não querem brasileiros, argentinos, uruguaios etc.” 

Vannuchi concorda com o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OAE), Luis Almagro, que expressou preocupação afirmando que “esse muro não é com a divisa do México, é com toda a América Latina”. A OEA, orgão no qual Vannuchi integra a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, deve, segundo ele, fazer hoje (30) comunicado oficial em que reafirma as preocupações com direitos humanos durante a era Trump. 

“Voltamos à Idade Média. Mais do que o problema com os imigrantes, é uma questão civilizatória. A humanidade não pode ir para essa pior ficção, de um mundo em guerra. Muro é para separar seres humanos. Não separa mercadorias, pagamentos, investimentos”, diz o analista, apontando contradição entre os impulsos por integração econômica e segregação de pessoas. 

Ele lembra que o muro contra o México já encontra-se, em parte, construído, e foi inaugurado durante a administração do democrata Bill Clinton, em 1994, justamente no mesmo ano em que os dois países, e mais o Canadá, anunciavam a formação do Nafta, bloco econômico que serviu para liberar a circulação de produtos e investimentos. 

Em “dias de Trump”, Vannuchi diz que é impossível evitar paralelos históricos, seja com a construção da Muralha da China, seja com a ascensão de Hitler, na Alemanha da década de 1930, ou com a construção do Muro de Berlin, três décadas depois. O analista, que esteve na última semana nos Estados Unidos, relata ações de protesto e resistência contra as medidas do presidente norte-americano.

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