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ONU: ‘Estados Unidos estão longe de reconhecer mesmos direitos para todos’

Em dois dias, dois negros foram assassinados por policiais brancos. Casos despertaram onda de protestos, que culminaram na morte de cinco em Dallas, Texas

Noah Scialon/EPA/Agência Brasil

Violência policial contra negros desencadeou uma série de protestos no país

São Paulo – “Os Estados Unidos estão longe de reconhecer os mesmos direitos para todos os cidadãos”, afirma o especialista em direitos humanos das Nações Unidas Ricardo Sunga. Ele lidera um grupo de trabalho na ONU para afrodescendentes que emitiu hoje (8) uma nota mostrando preocupação sobre recentes assassinatos de negros no país norte-americano por policiais brancos.

Na quarta-feira (6), um policial matou um homem negro durante uma abordagem em Minneapolis, no estado de Minnesota. O caso foi filmado pelo celular de sua namorada, que presenciou a cena junto de sua filha de quatro anos. Nas imagens, o homem se movimentou apenas para procurar sua carteira. Foi o segundo assassinato de negros em dois dias no país, entretanto, este caso ganhou repercussão pois o vídeo foi divulgado por redes sociais.

O caso reacendeu uma onda de protestos pelo país, que já tinha visto algo semelhante há dois anos, após o assassinato de um negro na cidade de Ferguson, no Missouri. Nova Iork, Washington, Dallas, entre outras importantes cidades, registraram atos. Nesta última, o clima de tensão recente no país ganhou outra proporção. Durante manifestação em Dallas, no estado do Texas, um franco-atirador abriu fogo contra policiais: cinco morreram e sete ficaram feridos.

“O grupo de trabalho está indignado e condena fortemente os mais recentes assassinatos, pela polícia, de dois homens afro-americanos. Pedimos imediatas investigações independentes para garantir que os perpetuadores sejam processados e punidos”, afirma a ONU. “Também condenamos os ataques contra policiais em Dallas e pedimos que os criminosos sejam punidos”, completa.

Para o especialista, o uso de violência excessiva é um padrão contra negros nos Estados Unidos. “O grupo de trabalho está convencido de que a raiz do problema é a falta de responsabilização dos perpetuadores de tais crimes apesar das evidências (…) níveis alarmantes de brutalidade policial e uso excessivo da força letal são cometidos pelos agentes da lei com impunidade.”

Por fim, as Nações Unidas recomendam uma série de medidas para mudar o panorama no país: “Melhorar a comunicação de violações envolvendo uso excessivo da força e assassinatos pelas polícias; garantir que os casos relatados sejam investigados de forma independente; que os possíveis criminosos sejam julgados e, se condenados, punidos com sanções adequadas; que as investigações possam ser reabertas quando nova evidência aparecer; que as vítimas e suas famílias sejam atendidas”.