em nota

Apesar da pressão, Uruguai diz que vai passar presidência do Mercosul à Venezuela

Brasília, Buenos Aires e Assunção se opõem à passagem de liderança do bloco ao governo de Nicolás Maduro; reunião entre chanceleres ocorrerá na segunda (11)

Ismael Francisco/Cubadebate/fotos públicas

Pelas normas do Mercosul, presidência do bloco deve ser passada ao governo de Maduro em julho

Opera Mundi – O governo uruguaio afirmou ontem (8) que passará a presidência do Mercosul à Venezuela, apesar de pressões contrárias de Brasil, Paraguai e Argentina, que tentam evitar a passagem. Em um comunicado divulgado no site de seu Ministério das Relações Exteriores, o governo de Tabaré Vásquez, que atualmente preside o bloco, diz que “reitera sua posição no sentido de proceder a passagem da presidência, de acordo com as normas vigentes do Mercosul”.

Segundo a nota, “em cumprimento com as responsabilidades inerentes a sua função e tendo em conta as diferenças existentes”, as autoridades uruguaias trabalharão para “analisar e buscar caminhos de encontro que, por meio do diálogo respeitoso e profundo, levem a superar os importantes problemas que enfrenta, neste momento, o processo de integração regional”.

De acordo com as normas do Mercosul, a troca de presidência no bloco deve ocorrer a cada seis meses em um sistema de rodízio entre os países-membros e, em julho, a deveria ser passada à Venezuela.

Uma reunião está prevista para segunda-feira (11) entre os chanceleres do Uruguai, Argentina, Brasil e Paraguai para tratar sobre a situação política na Venezuela.

A reunião foi convocada pelo Paraguai, único país do bloco regional que deu seu apoio explícito ao secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, no processo de aplicação da Carta Democrática da entidade contra a Venezuela.

Os venezuelanos foram integrados ao bloco em 2012, após a suspensão do Paraguai devido ao golpe que destituiu o então mandatário Fernando Lugo.

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      Serra e Fernando Henrique tentam impedir passagem

      Na terça-feira (5), o ministro das Relações Exteriores brasileiro, José Serra, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tiveram uma reunião em Montevidéu com Tabaré Vásquez e o chanceler uruguaio, Rodolfo Nin Novoa.

      O objetivo foi tentar postergar a passagem da liderança do Mercosul ao governo de Nicolás Maduro, que estava programada para ocorrer na terça-feira (12).

      “Não estamos pedindo para não respeitar as regras, mas que se possa discutir, mais adiante, se a Venezuela fez a lição de casa para ingressar no Mercosul”, disse Serra em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo após a reunião.

      A chanceler da Venezuela, Delcy Rodriguez, criticou as declarações de Serra, as quais classificou como “insolentes e amorais”.

      Segundo ela, o ministro brasileiro “se soma à conjuntura da direita internacional contra a Venezuela e vulnera princípios básicos que regem as relações internas”.

      Rodríguez criticou também o afastamento da presidente Dilma Rousseff, fato que “vulnera a vontade de milhões de cidadãos”.

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