Apesar de ameaças

Sindicato francês diz que manterá protestos contra reforma trabalhista

Líder da CGT disse que governo tenta deslegitimar manifestações de trabalhadores. François Hollande ameaçou proibir novos atos contra proposta

Force Ouvrière/Fotos Públicas

Sindicatos protestam desde março contra a reforma de François Hollande, que flexibiliza leis trabalhistas

Opera Mundi – O líder da Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT) da França, Philippe Martinez, afirmou hoje (16) que o sindicato continuará fazendo protestos contra a proposta de reforma trabalhista de François Hollande, apesar das ameaças do governo de proibir novas manifestações.

Ontem, o primeiro-ministro Manuel Valls exigiu que a CGT, o maior sindicato do país, não organize mais protestos em Paris contra a reforma, um dia após uma manifestação que deixou dezenas de pessoas feridas e ao menos 58 detidos. O presidente François Hollande disse a ministros que poderia proibir as manifestações se medidas de segurança não fossem adotadas pelo sindicato.

Em entrevista à rádio RTL, Martinez disse que o governo tenta deslegitimar as manifestações de trabalhadores. “É como se a CGT fosse culpada por tudo o que acontece no país”, afirmou Martinez, que considera que as recentes declarações do governo francês aumentam a tensão nas manifestações. “O governo deve parar de jogar lenha na fogueira”, afirmou.

O sindicalista também rechaçou a acusação do governo de ignorar a presença de manifestantes considerados “violentos” e acusou a polícia de agir de forma indiscriminada. Segundo ele, as pessoas estavam apenas tentando se defender da repressão policial.

“Quando aquele tipo de coisa acontece (repressão), todo mundo faz o que pode para se defender”, disse.

Mais protestos estão previstos pela CGT em conjunto com outras organizações sindicais francesas para os próximos dias 23 e 28 no país.

Os sindicatos protestam desde março contra a reforma trabalhista de François Hollande, que flexibiliza leis trabalhistas e é defendida pelo governo como forma de combater o desemprego, atualmente em cerca de 10-%.

Um dos principais aspectos da reforma é alterar a jornada de 35 horas de trabalho semanais. O limite seria oficialmente mantido, mas será permitido às companhias organizar horas de trabalho alternativas – como trabalhar de casa – o que, no final, poderia resultar em até 48 horas de trabalho por semana. Em “circunstâncias excepcionais”, o limite poderá ser de até 60 horas por semana.

A proposta permite também que as empresas deixem de pagar as horas extras aos funcionários que trabalharem mais de 35 horas, recompensando-os com dias de folga.