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Por seca e altas temperaturas, 36 milhões de pessoas passam fome na África, diz ONU

El Niño colaborou para 'um das piores secas em décadas' na África; na Etiópia, país mais atingido, 2 milhões de crianças desnutridas receberão tratamento do Unicef

Oxfam International/Flickr

Etiópia é a mais atingida; cerca de 80% das áreas de plantações do tiveram chuvas aquém do necessário

Opera Mundi – A ONU declarou ontem (16) que mais de 36 milhões de pessoas estão passando fome atualmente no leste e sul da África por conta de altas temperaturas e seca.

O El Niño – fenômeno de aquecimento das águas do Pacífico Sul que repercute no clima mundial – colaborou para o aumento de temperaturas no continente. Há dois meses, 2015 foi confirmado como o ano mais quente já registrado da história e o El Niño foi um das causas apontadas por cientistas para o recorde.

Estamos vendo isso como uma crise regional, uma crise humanitária internacional, disse o porta-voz do Unicef no Zimbábue, Victor Chinyama.

O país mais atingido do continente é a Etiópia, que se localiza na região conhecida como chifre da África. Cerca de 80% das áreas de plantações do país tiveram chuvas aquém do necessário.

“A Etiópia sofreu um golpe duplo, por uma alteração do regime de chuvas, ligada às mudanças climáticas, e agora pelo El Niño, que potencialmente levou o país para uma das piores secas em décadas”, afirmou Gillian Mellsop, representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) na Etiópia.

O Unicef afirmou que dois milhões de crianças serão tratadas por desnutrição na Etiópia e projeta que mais de 10 milhões de etíopes precisarão de ajuda humanitária para se alimentar. De acordo com Mellsop, 3,89 milhões de crianças e adolescentes “estão incapacitadas de acessar uma educação de qualidade por conta da seca”.

O efeito do El Niño não era esperado pelas autoridades locais. “O padrão típico que se esperaria do El Niño é um tempo muito seco no sul da África, mas ligeiramente mais úmido do que o normal no leste da África”, afirmou ao jornal inglês The Guardian. Linda Hirons, pesquisadora do Centro Nacional de Ciência Atmosférica. “Então, o fato de haver partes do leste da África enfrentando uma seca é inusitado, mas cada El Niño se manifesta de modo diferente”, disse.

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