reaproximação

‘Medidas adotadas por Obama são positivas, mas insuficientes’, diz Raúl Castro

“Temos meio século de trabalhos para colocar em dia”, disse presidente norte-americano em encontro com o cubano

Cuba Debate

Obama: ‘Cuba é soberana e, com razão, tem muito orgulho. O futuro de Cuba será decidido pelos cubanos’

Opera Mundi – O presidente de Cuba, Raúl Castro, declarou hoje (21) em Havana que as medidas adotadas pelo governo dos Estados Unidos no processo de reaproximação entre os dois países “são positivas, mas insuficientes”. Raúl e o presidente norte-americano, Barack Obama, fizeram um pronunciamento conjunto neste primeiro dia de agenda oficial de Obama em sua visita à ilha iniciada ontem.

“Muito mais poderia ser feito se o bloqueio dos Estados Unidos fosse revogado. Nós reconhecemos a posição do presidente Obama e seu governo contra o bloqueio, e seus seguidos apelos ao Congresso para removê-lo. As medidas mais razoáveis adotadas por seu governo são positivas, mas insuficientes”, disse o presidente cubano.

“Existem diferenças profundas entre nossos países que não irão deixar de existir, já que temos ideias diferentes em vários assuntos, como sistemas políticos, democracia, o exercício de direitos humanos, justiça social, relações internacionais e paz mundial e estabilidade”, declarou Raúl Castro. Ele afirmou que Cuba defende os direitos humanos, ponto alvo de críticas de Washington, que diz que Havana viola os direitos humanos. “Acreditamos que os direitos civis, políticos, econômicos e culturais são indivisíveis e interdependentes”, disse.

Raúl Castro afirmou que espera “um novo tipo de relacionamento, um que nunca existiu antes” entre os dois países. “Destruir uma ponte pode ser de fácil e rápida execução. Sua sólida reconstrução pode ser um longo e difícil esforço.”

O presidente cubano encerrou seu discurso mencionando a nadadora norte-americana Diana Nyad, que em 2013 e aos 64 anos, após diversas tentativas, conseguiu se tornar a primeira pessoa a nadar de Cuba à Flórida, em um trajeto de cerca de 180 quilômetros, sem a ajuda de uma jaula para se proteger de tubarões. “Se ela conseguiu, nós também podemos conseguir”, afirmou Raúl Castro.

Após o cubano, Obama alertou que faria um discurso longo. “Temos meio século de trabalhos para colocar em dia”, disse. “Nosso crescente compromisso com Cuba é guiado por um objetivo abrangente: avançar nos interesses do nosso continente”, declarou Obama, afirmando que os Estados Unidos não têm interesse em ditar o futuro da ilha. “Cuba é soberana e, com razão, tem muito orgulho. O futuro de Cuba será decidido pelos cubanos e não por ninguém mais.”

“No século 21 os países não podem ser bem-sucedidos a não ser que seus cidadãos tenham acesso à internet”, disse Obama ao pontuar que os EUA “desejam ajudar” a expandir a internet na ilha.

“Nós estamos seguindo em frente e não olhando para trás. Não vemos Cuba como uma ameaça aos Estados Unidos”, afirmou. “Estou absolutamente seguro de que se continuarmos nesse caminho, podemos atingir um futuro melhor e mais brilhante para os povos cubano e norte-americano. Muchas gracias”, disse Oabama.

O processo de reaproximação diplomática e econômica entre Havana e Washington já dura 15 meses e resultou na reabertura das embaixadas nos dois países em julho de 2015 e em uma série de acordos firmados, como o que restabeleceu voos comerciais e um serviço postal direto. A viagem de Obama a Cuba, a primeira de um presidente norte-americano em 88 anos, foi anunciada no mês passado.

Por se tratar de uma lei, o bloqueio econômico imposto pelos EUA a Cuba só pode ser alterado ou removido com a aprovação do Congresso norte-americano, medida à qual a maioria republicana se opõe.

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