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Argentina: poder aquisitivo dos 10% mais pobres caiu quase 24% em quatro meses

Estudo do Centro de Inovação dos Trabalhadores também mostrou que inflação anual chegou aos 35% em fevereiro de 2016; ela deve atingir os 55% em outubro

WikiCommons/CC

Estudo aponta que as famílias com menos recursos possuem um padrão concentrado em alimentos

Opera Mundi – Um estudo realizado pelo Centro de Inovação dos Trabalhadores da Argentina (Citra), divulgado ontem (14) pelo jornal Página 12, mostrou que o poder aquisitivo dos 10% mais pobres do país caiu 23,8% nos últimos quatro meses.

A pesquisa, que foi encomendada pelo órgão estatal Conselho Nacional de Investigações Científicas e Técnicas (Conicet), aponta como principais causas desse fenômeno o aumento da tarifa de luz elétrica e de gás, o reajuste dos preços dos alimentos e aluguéis, e a eliminação dos impostos de exportação dos bens industriais e agrícolas.

As famílias com maiores recursos possuem um padrão de consumo intensivo focado em serviços e bens duráveis. As famílias com menos recursos, por outro lado, possuem um padrão focado em alimentos, transporte, aluguel e serviços públicos, como eletricidade. Portanto, quando o motor inflacionário é de raiz cambial ou tarifária, os principais prejudicados estarão entre os mais pobres da sociedade, indicou a investigação do Centro.

Segundo o órgão, o preço dos alimentos aumentou em 39% entre fevereiro de 2015 e 2016; os aluguéis, em 63%; e as tarifas de energia, em 405% no mesmo período. Estes três itens representam mais de 50% dos gastos das famílias mais pobres.

O estudo também mostrou que a inflação anual chegou aos 35% em fevereiro. Só nesse mês, a inflação foi de quase 5%. Esta é uma das taxas mais elevadas desde 2002, de acordo com o Citra.

Estima-se ainda que a inflação anual não ceda e atinja os 55% em outubro deste ano, superando o limite de 25% projetado pelo ministro da Fazenda, Alfonso Prat-Gay.

“As decisões econômicas tomadas desde o dia 10 de dezembro (data da posse de Maurício Macri) geraram uma dinâmica de preços que implicariam em uma taxa de inflação anual, até outubro de 2016, de cerca de 55%. Não parecem existir elementos que apontem para a desaceleração do fenômeno inflacionário”, aponta a pesquisa.

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