Estados Unidos

Trump ameaça consolidar candidatura e Hillary mantém favoritismo

Depois de vitória na Carolina do Sul, magnata aumenta frente sobre adversários, enquanto ex-secretária de Estado, que detém controle sobre grande parcela do partido, deve levar a melhor sobre Sanders

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É aguardada com expectativa a “Super Terça”, no dia 1° de março, quando 12 estados realizam as primárias

São Paulo – Apesar do caráter outsider de sua candidatura, à margem do establishment político, o bilionário Donald Trump ameaça consolidar sua candidatura à presidência dos Estados Unidos pelo Partido Republicano, após a vitória no estado da Carolina do Sul, no sábado (20). Trump venceu com 32,5%, à frente de Marco Rubio (22,5%) e Ted Cruz (22,3%). Também no sábado, com 52,6%, a democrata Hillary Clinton saiu-se vencedora no caucus de Nevada contra o “socialista” Bernie Sanders, que obteve 47,3%.

É aguardada com grande expectativa a “Super Terça”, em 1° de março, quando 12 estados – entre os quais Texas, Virginia e Colorado – realizam eleições primárias no processo de escolha dos candidatos republicano e democrata. Antes, Nevada realiza amanhã (23) seu caucus republicano, e no sábado (27), os democratas fazem primária na Carolina do Sul.

A definição, apenas em junho, ainda está distante, mas o sistema eleitoral “engessado” em dois partidos e as propostas demagógicas e apelativas de Trump podem ser decisivos para levá-lo à candidatura. “A ascensão do Trump, em grande parte, está na crise de representatividade do partido Republicano e do sistema como um todo. Parte do eleitorado está cativado por um candidato demagogo, que acha que com muros e propostas desse tipo vai resolver as coisas”, diz  Thomas Heye, do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Heye mantém sua avaliação segundo a qual a candidata democrata Hillary Clinton seria beneficiada se os republicanos escolherem Trump, caso ela confirme seu próprio favoritismo em seu partido. “Se Trump for o candidato, seria um bom negócio para Hillary. Trump se apresenta de uma maneira espontânea, como um outsider, um político não tradicional, mas ele é uma bomba relógio: mais cedo ou mais tarde pode falar uma grande bobagem.”

Os republicanos sabem disso, e nas próximas semanas alguns de seus candidatos podem desistir de suas candidaturas, já que a pulverização dos votos em seis pré-candidaturas republicanas está beneficiando Trump. Jeb Bush, irmão do ex-presidente George W. Bush, já renunciou, durante as primárias da Carolina do Sul. Ainda estão na disputa, além de Trump, Ted Cruz, Marco Rubio, John Kasich e Ben Carson.

A demagogia ou leviandade de Trump se revela em propostas entre irreais e neofascistas. Por exemplo, ele já propôs a deportação de 11 milhões de imigrantes, prometeu construir um muro na fronteira dos Estados Unidos com o México como forma de evitar a imigração ilegal e disse ser contrário a qualquer restrição ambiental às empresas, sob o argumento de que inibiria a competitividade das empresas.

Para o professor da UFF, do lado democrata “ainda dá para cravar na Hillary”, apesar do crescimento de seu adversário Bernie Sanders, que pela primeira vez teria chegado à liderança em pesquisa nacional. Segundo estudo divulgado pela Fox News, Sanders teria 47%, contra 44% de Hillary. “Mas Hillary detém o controle do partido, Bernie Sanders não. Ela tem penetração maior nos estados e deve conseguir fazer a maior parte dos delegados”, avalia Heye.

Além disso, a ex-secretária de Estado é majoritária entre os negros, dos quais recebeu cerca de 70% dos votos em Nevada. Sua campanha aposta nesse como um dos fatores que devem ser decisivos a seu favor.

Hoje, Hillary tem 502 delegados (incluindo os chamados superdelegados), e Sanders conta com apenas 70. Do lado republicano, Trump conseguiu 61 delegados, ante 11 de Ted Cruz e 10 de Marco Rubio.

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