São Paulo – O estado de Iowa deu ontem a largada às prévias para definir os candidatos dos partidos Republicano e Democrata que concorrerão à sucessão de Barack Obama nas eleições presidenciais dos Estados Unidos em 8 de novembro. Ao contrário do que previam as pesquisas, o magnata republicano Donald Trump foi batido pelo correligionário Ted Cruz (27,6% a 24,3%).

Do lado democrata, a vitória da favorita Hillary Clinton foi ainda mais apertada, “a mais estreita margem possível”, segundo o jornal The New York Times. A ex-secretária de Estado de Obama (2009-2013) derrotou o “socialista” Bernie Sanders por 49,9% a 49,6%.

Apesar da decantada dianteira de Trump há muitos meses e de seu propalado “favoritismo”, o sucesso de Cruz em Iowa sinaliza para a vitória da tradição política e do establishment republicano, acredita o professor Thomas Heye, do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (UFF).

“As prévias em Iowa podem ser concretamente o começo do fim da candidatura do Trump. Ted Cruz pode implodir sua candidatura, porque Trump é um candidato meio outsider, fora do partido. Cruz, ao contrário, é do establishment do Partido Republicano, onde tem grande trânsito. Ele é um candidato mais interessante para os republicanos e mais palatável para muitos americanos. As primárias em Iowa sinalizam isso”, diz.

Mas, se a derrota de Trump para a tradição política parece previsível, não se pode prever se o vitorioso será mesmo Ted Cruz. Marco Rubio, que, como Cruz, é de ascendência cubana, vem logo atrás de Trump, com 23,1%.

Em dezembro, Heye afirmou à RBA que Trump não deveria passar pelas primárias de sua legenda por não fazer parte do establishment político, e que teria poucas chances contra políticos veteranos como Cruz.

Heye não acredita que Sanders possa bater Hillary, apesar da vantagem quase insignificante da ex-senadora democrata em Iowa. “Sanders pega um nicho de um eleitorado formado por professores, estudantes, o pessoal mais progressista ou mais inclinado à esquerda. Hillary tem mais penetração entre o eleitorado negro norte-americano, até mesmo o hispânico, do que Sanders.”

A próxima disputa está prevista para 9 de fevereiro, em New Hampshire. Três semanas depois ocorre a chamada “super terça-feira”, quando 15 estados deverão se posicionar, entre os quais o Texas, o Colorado e a Virgínia. É considerada uma data decisiva nas prévias norte-americanas. As prévias se estendem de 1º de fevereiro a 14 de junho.