disputa acirrada

Macri vence 2º turno e encerra 12 anos de kirchnerismo na Argentina

Novo presidente terá pela frente desafio de governar com Congresso e governadores, em sua maioria, ligados ao governo Kirchner; Scioli reconheceu derrota para Macri

reprodução/telesur

Mauricio Macri faz primeiro pronunciamento após ser eleito presidente da Argentina

Opera MundiEm uma das eleições mais acirradas dos últimos anos na Argentina, o candidato Mauricio Macri (Cambiemos), venceu hoje (22), em um inédito segundo turno, o adversário apoiado por Cristina Kirchner, Daniel Scioli (Frente para a Vitória).

Em sintonia com o que apontaram as últimas pesquisas de opinião divulgadas antes da votação, Macri está com 53,32% dos votos, frente aos 46,68% obtidos por Scioli. Até o momento, 68,67% das urnas foram apuradas, mas já revelam tendência irreversível.

Scioli ligou para Macri e reconheceu a derrota.

Macri terá adiante o desafio de gerenciar um Congresso no qual a Frente para a Vitória ainda detém maioria e um país que tem a maioria de suas províncias controlada por governos peronistas – embora a mais importante delas, a de Buenos Aires, seja agora controlada também pelo Cambiemos, com Maria Eugénia Vidal.

“Mudança rumo ao futuro, sem revanches”

No bunker de Mauricio Macri o clima era de festa desde as 19h. Confete, bolas coloridas e música de boate animaram eleitores que dançavam freneticamente. “Obrigado por terem acreditado que juntos podemos construir a Argentina que sonhamos”, disse Macri, ovacionado pelos presentes, em seu discurso de vitória.

O presidente eleito agradeceu especialmente a Lilita Carrio e Alberto Sanz, político da União Cívica Radical (UCR), que conforma a aliança Cambiemos. A UCR é o partido mais antigo da Argentina e é o opositor histórico do peronismo.

Macri exaltou “a cultura do trabalho” e foi aplaudido por seus eleitores presentes no bunker em Costa Salguero, imponente centro de convenções próximo ao aeroporto Jorge Newbery.

“É uma mudança que tem que nos levar ao futuro, por isso não pode se deter em revanches”, afirmou. Macri prometeu uma Argentina com pobreza zero e unir os argentinos, lemas de sua campanha.

“Queremos ter boas relações com todos os países”, disse Macri aos “irmãos latino-americanos”. “Queremos construir uma agenda de cooperação”, disse antes de puxar um coro seguido por seus partidários: “sí se puede” (sim, é possível).

“Hoje vocês fizeram possível do impossível”, disse Macri, com um discurso marcado por frases motivacionais que fizeram seu público delirar.

Quem é o novo presidente

Filho de Franco Macri, fundador e dono de um conglomerado que leva o nome da família e que atua em diversas áreas, como automóveis, correio e indústria alimentícia, Macri iniciou sua carreira política a partir de sua trajetória como dirigente do clube Boca Juniors, o maior da Argentina.

Durante o período em que esteve à frente do clube, este sagrou-se campeão por 17 vezes. A gestão, no entanto, é contestada pelo nível de endividamento que o Boca atingiu e o uso político do futebol para se autopromover.

Em documento vazado pelo Wikileaks, Macri chegou a dizer que sua figura nacionalmente se tornou conhecida mais por conta do time do que por sua atuação como prefeito da cidade de Buenos Aires – cargo que ocupa desde 2007.

Por sua gestão à frente da cidade mais importante do país, Macri responde a dois processos na Justiça: um por escutas ilegais e outro por utilizar a força policial para reprimir moradores de rua e doentes mentais de um hospital psiquiátrico.

Durante sua campanha, criticou a Venezuela e disse que sua primeira medida será pedir a suspensão do país do Mercosul (valendo-se da cláusula democrática) por “violações aos direitos humanos”.

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