crise migratória

Merkel diz estranhar ‘dureza’ dos países do Leste na crise dos refugiados

A chanceler alemã diz que a questão exige 'muito mais conversações para que todos entendam esse princípio”; enquanto isso, Hungria vai fechar a sua fronteira com a Croácia

Stephen Ryan/IFRC

Mais de 170 mil migrantes entraram na Hungria a partir da Croácia desde 15 de setembro

Bruxelas – A chanceler alemã Angela Merkel afirmou hoje (16) que não entende por que os países do Leste Europeu se sentem às vezes “maltratados” com a crise dos refugiados e por que reagem de forma dura à proposta de cotas de refugiados, por exemplo.

“Pela primeira vez, discutimos seriamente essa questão, de que não se trata de 1 bilhão ou 2 bilhões, mas sim de princípios básicos”, disse Merkel em entrevista após a cúpula europeia, quando foi questionada sobre a solidariedade da Europa à crise.

Ela lembrou, no entanto, que a questão vai exigir “muito mais conversações para que todos entendam esse princípio”. Merkel referia-se aos países do Leste da Europa que integram o Grupo de Visegrad – formado pela Polônia, a República Checa, Eslováquia e a Hungria.

“Por razões específicas que não entendo, os países do Leste sentem-se por vezes maltratados, e como os reconheço como parceiros honestos, tenho que refletir mais sobre por que motivo reagem tão duramente”, afirmou. Ela acrescentou que também não entende essas posições “por sentir que se trata de um desafio para toda a Europa, que terá efeitos geopolíticos”, entre outras consequências.

Para Merkel, a cúpula serviu para um debate honesto, de progresso e sobre o que se pode construir.

A Alemanha, porém, não conseguiu que fosse mencionada nas conclusões da reunião, de forma específica, a criação de um mecanismo de distribuição dos refugiados na União Europeia numa base permanente.

Hungria

Exemplo de país que demonstra pouca solidariedade com a questão, a Hungria anunciou hoje que vai fechar a sua fronteira com a Croácia à meia-noite, um mês depois de ter feito o mesmo com a fronteira sérvia, anunciou hoje (16) o ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Peter Szijjarto.

A decisão é anunciada um dia depois da conclusão da uma nova barreira antiimigrantes.

Mais de 170 mil migrantes entraram na Hungria a partir da Croácia desde 15 de setembro, data em que Budapeste fechou a fronteira com a Sérvia.

Criticada pelas medidas que toma em relação aos migrantes, a Hungria afirma cumprir as suas obrigações de proteger a fronteira externa da União Europeia.

Em entrevista antecipada hoje pela revista alemã Focus, o primeiro-ministro húngaro, o conservador nacionalista Viktor Orban, afirmou que o islamismo nunca fez parte da Europa.

“O Islã nunca fez parte da Europa, veio até nós”, disse o chefe do governo húngaro, que tem assumido posição dura contra a entrada de refugiados na Europa, a grande maioria muçulmanos.

Na entrevista, que será publicada na íntegra neste sábado (17), Orban admite que milhares de imigrantes turcos, a maioria muçulmanos, que chegaram à Alemanha nas décadas de 60 e 70 e que contribuíram com a sua mão de obra para a economia alemã “pertencem à história da Alemanha e, portanto, da Europa”.

“Mas, espiritualmente, o Islã não pertence à Europa. É um conjunto de regras de um outro mundo”, acrescentou o primeiro-ministro húngaro, que também criticou as autoridades de Paris e de Berlim por criticarem que um país expresse as suas dúvidas perante a ideia de uma sociedade multicultural.

“Na Hungria, decidimos o que queremos e o que não queremos. Não queremos isso”, afirmou Orban.

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