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Maioria dos refugiados sírios na Jordânia e no Líbano vive abaixo da linha da pobreza

Famílias inteiras são obrigadas a reduzir o consumo de alimentos, retirar as crianças da escola e mendigar. Apesar da gravidade da situação, verba para ajuda humanitária reduziu

UNHCR/I. Prickett

Refugiados sírios cruzando a fronteira para a Turquia

São Paulo – A maioria dos 1,7 milhão de refugiados sírios na Jordânia e no Líbano vive abaixo da linha da pobreza, sendo obrigada a reduzir o consumo de alimentos, retirar as crianças da escola e depender de esmolas para sobreviver, de acordo com dados do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur). A situação de vulnerabilidade se intensificou devido ao corte de financiamento dos programas de ajuda humanitária.

Só no Líbano, que já recebeu 1,113 milhão de refugiados sírios, 70% dessas famílias vivem abaixo da linha da pobreza. Esse percentual aumentou em 50% só em 2014. Apesar de não haver consenso sobre qual o melhor critério para definir a linha de pobreza, o mais aceito é o do Banco Mundial, que assim classifica quem vive com menos de US$ 1 por dia.

Na Jordânia, onde vivem 630 mil sírios – 520 mil deles fora dos campos de refugiados – 86% em áreas urbanas e rurais estão abaixo da linha da pobreza. A maioria das famílias refugiadas está endividada e é obrigada a tomar medidas cada vez mais extremas, como reduzir o consumo de alimentos ou mendigar nas cidades. Nos países próximos à Síria, pelo menos 700 mil refugiados estavam fora da escola no início deste ano.

Apesar da gravidade da situação, o Programa Mundial de Alimentos cortou, neste mês, a assistência alimentar de 229 mil refugiados na Jordânia devido à falta de recursos. O Programa Refugiados Sírios, que reúne pelo menos 200 organizações humanitárias que atua na Síria, tem atualmente apenas 37% do seu valor total custeado. As atividades foram afetadas pelo corte de verba.

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Existem hoje 4,088 milhões de refugiados sírios, sendo a maioria (1,938 milhão) na Turquia, seguida pelo Líbano, Jordânia, Iraque (250 mil) e Egito (132 mil), além de outros 25 mil em países do Norte da África. Apenas 12% dos refugiados de toda a região vivem em campos de refugiados formalmente estabelecidos.

“Dentro da Síria, os últimos meses têm sido brutal. A luta se intensificou em quase todas as províncias”, disse em Genebra a porta-voz do Acnur, Melissa Fleming. Ela citou como exemplos o aumento de ataques com foguetes e morteiros em Damasco, capital do país, e o crescimento de veículos explodidos em grandes cidades, como Lattakia, Aleppo, Homs, Hassakeh e Qamishli, além do bombardeio pesado em Zabadani e na zona rural de Damasco. A retaliação entre grupos rivais intensifica ainda mais os conflitos.

“Em meio à escalada de violência, pessoas perderam seus meios de subsistência, bem como suas casas”, acrescentou a porta-voz. Segundo o Acnur, o desemprego aumenta vertiginosamente no país em todos os setores da economia síria que ainda resistem, assim como a inflação. A libra síria, moeda local, perdeu 90% de seu valor ao longo dos últimos quatro anos.

Na maior parte do país, a eletricidade está disponível apenas durante poucas horas do dia. Muitas regiões lutam contra a escassez de água. Mais da metade da população do país vive em extrema pobreza.

Com informações do Acnur

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