Drama

Após foto de criança síria, Cameron cede e diz que receberá refugiados no Reino Unido

Mudança de postura veio após pressão da opinião pública; Alemanha também anunciou que irá usar aeroporto desativado para abrigar estrangeiros

Robert Thom/Prime Minister’s Office

Após declarar ser contra receber onda de refugiados no Reino Unido e sofrer forte pressão, Cameron muda postura

São Paulo – O governo do primeiro-ministro britânico, David Cameron, se prepara para lançar medida em que o Reino Unido acolherá milhares de refugiados sírios. A mudança de postura veio após forte pressão da opinião pública com a publicação da fotografia de um menino sírio morto numa praia da Turquia.

Os números finais e os detalhes da nova ação britânica ainda não foram anunciados. A cúpula do governo segue reunida em Londres para definir os locais de abrigo e a execução do plano.

O governo do conservador David Cameron, reeleito em maio, é um dos mais resistentes dentro da União Europeia a aceitar receber os estrangeiros. O premiê – que já foi criticado por chamar os imigrantes de ‘enxame’ – crê que aceitar a presença de refugiados no país iria incentivar a ação de traficantes de pessoas, que cobram para realizar a arriscada travessia. Além disso, o britânico defende a ideia que a solução para a crise migratória deve ser encontrada dentro da Síria.

Yvette Cooper, uma das lideranças do Partido Trabalhista, que faz oposição a Cameron, cobrou que o governo abrigue mais 10 mil sírios. O representante especial para migração internacional das Nações Unidas, Peter Sutherland, declarou que, enquanto alguns países europeus estão “suportando o fardo” da crise migratória, o Reino Unido está entre os que “podem fazer mais”.

O tabloide The Sun, jornal inglês de maior circulação, criticou o premiê com a seguinte manchete: “Sr. Cameron, o verão terminou… Agora lide com a maior crise com que a Europa se depara desde a Segunda Guerra”.

Uma petição no site oficial do parlamento britânico pede que o Reino Unido aceite mais pedidos de asilo e ofereça suporte a refugiados. A iniciativa já superou 280 mil assinaturas.

França e a Alemanha fizeram um apelo à União Europeia nesta sexta-feira (03) para que os países do bloco obrigatoriamente abriguem cotas de refugiados.

Família morta na Turquia

A foto que se popularizou na internet mostra o corpo do garoto Aylan Kurdi, de 3 anos, sendo carregado por um policial turco. Ele, seu irmão Galip, de 5, e sua mãe Rehan estão entre os pelo menos dozes mortos de um barco que fazia a travessia da Turquia para a Grécia, trajeto comum para imigrantes que buscam entrar na União Europeia. O pai de Aylan, Abdullah Kurdi, sobreviveu. A família tentava chegar ao Canadá, onde vivem alguns parentes.

A Síria se encontra em guerra civil desde março de 2011. O número de mortos já ultrapassa 330 mil, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos. Milhões de sírios emigraram do país por conta dos conflitos.

Alemanha

O aeroporto Tempelhof, localizado em Berlim e desativado desde 2008, faz parte dos planos da Alemanha para receber 800 mil refugiados durante o próximo ano. A equipe que administrará a chegada dos refugiados já esteve no local e deve aprovar o uso do aeroporto para abrigo.

“É uma solução emergencial, mas inevitável. Há muito espaço nos hangares”, disse o prefeito do distrito de Mitte, onde se situa o aeroporto. Tempelhof foi usado regularmente por Adolf Hitler em viagens domésticas e, em 1948, foi uma das únicas rotas de acesso a Berlim durante o bloqueio soviético.

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