escalada

Há 70 anos, Hiroshima era atingida pela primeira bomba atômica da história

Ataque realizado pelos Estado Unidos deixou centenas de milhares de mortos e feridos no ato da explosão e seguiu fazendo vítimas ao longo dos anos

domínio público

Imagem da nuvem atômica de Hiroshima, que se acredita ter sido formada cerca de 30 minutos após a detonação

São Paulo – Em 6 de agosto de 1945, às 8h16 (horário do Japão), o bombardeiro norte-americano B-29 apelidado de “Enola Gay” lança a primeira bomba atômica (“Little Boy”) sobre a cidade de Hiroshima, sede do comando militar do Japão Imperial.

A explosão provocaria a morte de cerca de 100 mil pessoas como resultado direto da detonação e outras 35 mil ficariam feridas. Pelo menos mais 60 mil pessoas faleceram até o final daquele ano como resultado dos efeitos catastróficos da chuva radioativa. Destruiria, ademais, a cidade num raio de dois quilômetros. As radiações continuariam a fazer numerosas outras vítimas ao longo dos anos subsequentes.

A explosão foi decidida pelo presidente norte-americano Harry S. Truman para alegadamente pôr fim a Segunda Guerra Mundial.

Truman, desalentado pela resposta japonesa às exigências da Conferência de Potsdam que reunira os chamados “três grandes”: Reino Unido, Estados Unidos e União Soviética, de rendição incondicional, tomou a decisão, pressionado pelos seus comandos militares e alertado pelos cientistas quanto às consequências do lançamento, de empregar a bomba atômica.

A alegação era de evitar o que se predizia que a perda de vidas humanas de soldados norte-americanos seria muito maior se tivessem de invadir com suas tropas o território japonês. Desse modo, em 5 de agosto, enquanto um bombardeio “convencional” estava a caminho, “Little Boy,” (o apelido de uma das duas bombas atômicas disponíveis para serem usadas contra o Japão) foi carregada a bordo do avião do tenente-coronel Paul W. Tibbets na ilha Tinian do arquipélago das Marianas.

O B-29 de Tibbets, chamado de Enola Gay, o nome de sua mãe, deixou a ilha às 02h45 de 6 de agosto. Cinco horas e meia mais tarde, “Little Boy” foi lançado. Quarenta e três segundos mais tarde, a 543 metros acima do ponto de mira, que acabou sendo um hospital, a bomba explodiu, liberando uma potência equivalente a 12.500 toneladas de TNT. A bomba tinha diversas inscrições sobre sua blindagem, uma das quais se podia ler: “Saudações ao Imperador dos tripulantes do Indianapolis” (o navio que transportou a bomba até as ilhas Marianas).

“Cogumelo púrpura”

Em seu livro de memórias, Tibbets fala sobre a “visão aterradora que pudemos observar quando tomamos um curso que nos oferecia uma visão lateral da cidade devastada, em chamas. O gigantesco cogumelo púrpura já tinha subido a uma altitude de 13,5 mil pés (cerca de 4,1 mil metros) e continuava a disparar contra o alvo, fervilhante, como se terrivelmente vivo.”

O tenente-coronel Tibbets jamais vacilou na defesa da missão que comandou. “Eu estava ansioso para executá-la. Queria fazer tudo que pudesse para derrotar o Japão. Queria matar os bastardos. Era essa a atitude nos EUA, naqueles anos”, disse certa vez.

Havia cerca de 90 mil construções em Hiroshima antes da bomba e somente 28 mil permaneceram de pé após a explosão. Havia perto de 200 médicos na cidade antes da detonação e apenas 20 sobraram vivos e em condições de prestar socorro. Havia 1780 enfermeiras e apenas 150 estavam com capacidade de ocupar-se dos enfermos e dos moribundos.

Segundo a obra clássica Hiroshima de John Hersey, o prefeito da cidade havia disposto centenas de meninas para preparar rotas de fuga no caso de lançamento de bombas incendiárias. Elas estavam todas em campo aberto quando o Enola Gay despejou sua carga.

Havia tantos focos de incêndio espontâneo como resultado da explosão, que um tripulante do Enola Gay teve de parar de contá-los. Todavia, outro tripulante anotou: “É terrivelmente belo. Que momento estamos vivendo.”

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