Governo chileno diz que não cumprirá promessa de estatizar universidades
Sem recursos para honrar compromisso de campanha, Michelle Bachelet pretende adotar prazo maior do que seu mandato para reverter a situação das instituições privatizadas durante a ditadura de Pinochet
Publicado 13/08/2015 - 16h55
São Paulo – O governo chileno de Michelle Bachelet passa por um momento de “instabilidade”, de acordo com o sociólogo Emir Sader, em sua coluna de hoje (13) para a Rádio Brasil Atual. As pressões são oriundas de movimentos estudantis, que exigem a estatização das universidades públicas privatizadas durante a ditadura de Augusto Pinochet, à frente do Chile de 1973 a 1990.
Bachelet anunciou que a promessa realizada em campanha não poderá ser realizada. “O que acontece é que o recurso do orçamento para as universidades públicas já não existia antes das eleições. Ela se colocou um objetivo com prazo maior que seu mandato”, explica o sociólogo.
Diante desse quadro, o governo alcançou seu menor índice de popularidade até então, e as mobilizações estudantis “voltaram a ser fortes e tendem a se intensificar”, afirma Sader.
O sociólogo abordou ainda a situação do governo equatoriano de Rafael Corrêa. Setores da direita, ultra-esquerda, sindicatos e indígenas convergem hoje em um protesto no país. “Será um período bastante convulsionado”, afirma. “Embora o presidente tenha apoio majoritário nas pesquisas, provavelmente seu estilo muito voluntarista tenha criado resistência.”
“Vamos recordar que o panorama atual surge a partir de propostas absolutamente razoáveis de Corrêa. Uma é o imposto sobre heranças, outra o imposto sobre especulações. Apenas 2% dos equatorianos seriam afetados”, diz Sader, sobre as causas que despertaram as mobilizações.
Ouça a íntegra para a Rádio Brasil Atual: