emir sader

Governo chileno diz que não cumprirá promessa de estatizar universidades

Sem recursos para honrar compromisso de campanha, Michelle Bachelet pretende adotar prazo maior do que seu mandato para reverter a situação das instituições privatizadas durante a ditadura de Pinochet

Governo do Chile

Michelle Bachelet enfrenta instabilidade política diante da impossibilidade de cumprir promessa

São Paulo – O governo chileno de Michelle Bachelet passa por um momento de “instabilidade”, de acordo com o sociólogo Emir Sader, em sua coluna de hoje (13) para a Rádio Brasil Atual. As pressões são oriundas de movimentos estudantis, que exigem a estatização das universidades públicas privatizadas durante a ditadura de Augusto Pinochet, à frente do Chile de 1973 a 1990.

Bachelet anunciou que a promessa realizada em campanha não poderá ser realizada. “O que acontece é que o recurso do orçamento para as universidades públicas já não existia antes das eleições. Ela se colocou um objetivo com prazo maior que seu mandato”, explica o sociólogo.

Diante desse quadro, o governo alcançou seu menor índice de popularidade até então, e as mobilizações estudantis “voltaram a ser fortes e tendem a se intensificar”, afirma Sader.

O sociólogo abordou ainda a situação do governo equatoriano de Rafael Corrêa. Setores da direita, ultra-esquerda, sindicatos e indígenas convergem hoje em um protesto no país. “Será um período bastante convulsionado”, afirma. “Embora o presidente tenha apoio majoritário nas pesquisas, provavelmente seu estilo muito voluntarista tenha criado resistência.”

“Vamos recordar que o panorama atual surge a partir de propostas absolutamente razoáveis de Corrêa. Uma é o imposto sobre heranças, outra o imposto sobre especulações. Apenas 2% dos equatorianos seriam afetados”, diz Sader, sobre as causas que despertaram as mobilizações.

Ouça a íntegra para a Rádio Brasil Atual: