Crise grega

Após Grécia aprovar acordo, Eurogrupo libera € 7 bi e BCE aumenta crédito a bancos

Para os ministros de Economia e Finanças da zona do euro, Atenas implementou o primeiro conjunto de medidas “a tempo e de modo satisfatório”

Divulgação/União Europeia

Dinheiro do MEEF será utilizado para aliviar temporariamente a crise de liquidez que a Grécia enfrenta

São Paulo – Após o Parlamento da Grécia aprovar com ampla maioria o acordo assinado pelo primeiro-ministro, Alexis Tsipras, o Eurogrupo liberou na manhã desta quinta-feira (16) € 7 bilhões ao país e o Banco Central Europeu (BCE) aumentou créditos de emergência para os bancos do país. O novo dinheiro deve chegar aos cofres gregos até o início da semana que vem.

Segundo os ministros de Economia e Finanças da zona do euro, Atenas implementou o primeiro conjunto de medidas “a tempo e de modo satisfatório”.

“O Eurogrupo celebra a adoção pelo parlamento grego de todos os compromissos especificados na cúpula de 12 de julho”, declarou o grupo, que reúne os 19 ministros do bloco europeu. Pouco depois, o órgão anunciou que concordou em dar início às negociações para o terceiro programa de resgate financeiro à Grécia até 2018.

O dinheiro, desembolsado do Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (MEEF), um fundo abastecido com o orçamento comunitário, será utilizado para aliviar temporariamente a crise de liquidez que a Grécia passa, em meio ao controle de capitais decretado pelo governo há mais de duas semanas.

Paralelamente, o presidente do BCE, Mario Draghi, anunciou que decidiu aumentar para € 900 milhões o limite de empréstimos de emergência para os bancos gregos durante uma semana. Apesar do acréscimo, o dinheiro não será suficiente para fazer com que os bancos consigam reabrir.

Durante pronunciamento, Draghi disse ainda ser “indiscutível” aliviar o peso da dívida da Grécia, que representa mais de 175% de seu PIB (Produto Interno Bruto). “Um alívio da dívida é necessário e isso é indiscutível”, declarou Draghi. “A melhor forma de fazer isso será o principal ponto de discussão nas reuniões nas próximas semanas entre a Grécia e seus credores”, completou, assegurando que Atenas pagará ao BCE e FMI.

Crise interna

Apesar de Tsipras ter conseguido apoio de 229 deputados a favor do acordo com a troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), a votação evidenciou um racha dentro do partido governista de esquerda Syriza.

Entre as lideranças do Syriza que se posicionaram contra o acordo, estão a presidente do parlamento, Zoe Konstantopoulou, bem como os vice-ministros da Segurança Social, Dimitris Stratoulis, e da Defesa, Kostas Isijos, e o ministro da Energia e do Ambiente, Panayotis Lafazanis.

Nas últimas duas semanas, o ministro das Finanças Yanis Varoufakis e a vice-ministra Nantia Valavani deixaram seus cargos devido às negociações.

Hoje, o ministro do Interior, Nikos Voutsis, afirmou que a Grécia pode realizar eleições antecipadas em “setembro ou outubro”. “Isso será produto de uma análise abrangente, não apenas do governo, mas sobre os acontecimentos em geral”, explicou, segundo a Reuters.

Além disso, a assinatura do acordo do premiê com os credores europeus gerou no início da semana revolta da população. Na quarta (15/07), manifestantes voltaram às ruas de Atenas para protestar contra a austeridade. Com gritos de “oxi, oxi, oxi” (não, não, não), milhares de pessoas voltaram a lembrar a vitória do referendo realizado no último dia 5, no qual os gregos se posicionaram contra a assinatura do acordo com a troika.


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